quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Tequila.

Deslizo como a chuva.
Intensamente faço o sol, nas flores.
Como o preto, me absorves.
E te reflito como o branco, tuas cores.

Mas não só tuas cores.

E vês meus medos, assim.
Aqueles que guardo entre os dedos trêmulos.
Aqueles que defendo com as unhas erradas.
Que me correm por dentro, efêmeros.

Lutamos então, com olhares.
Sabendo que apenas um toque acenderia a chama.
E tudo viraria fumaça.
Cheio de drama.

Nos mantemos assim então. Eu e você, meio....



distantes.

Pernoite.

Por mais escuras que as ruas estejam.
Elas não escondem mais meu som aflito. Meu grito.

Por mais calmos que teus olhos pareçam.
Eles não me consolam, pois te vejo, em conflito. Em atrito.

Eu sei que o que você quer, está distante do que eu realmente sou.
Eu sei que já tive todas minhas chances de redenção.
Mas minhas perguntas me afundam.

Questiono-me.

E dentro de mim, há apenas o vazio.
Eu espero a mudança que nunca vem.
Eu tento um beijo que não irá curar.
Me olho no espelho, e não vejo ninguém.

E nossa última escolha é ver tudo passar.

Porque por mais escuras que as ruas estejam. Eu grito.

E seria bom se você ouvisse... Nem que fosse pela última vez.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Dreams.

Jacob E. diz:
 Você me ama?
 
Eduarda B. diz:
 Eu amo.
 
Jacob E. diz:
 Porque?
 

Eduarda B. diz:
 Não é tipo...
 CLARO QUE SIM, eu amo !
 Ou nada óbvio.
 Ou muito grande, ou imposto, por você ter nascido na minha família
 Não é nada questionavel ou subentendido por você ter sido meu grande amor ou só mais um namorado. É só aquele sentimento de certeza e bom tamanho, que voce tem quando olha pra algumas pessoas. Tem respostas pra perguntas como essa que são apenas automáticas.
 A minha é só: Sim, eu amo.
 Não há dúvidas. Nem muitas certezas.
 É só o puro sentimento de ser feliz com você. De confiar em você. De sentir que vivi com você.
 Coisas assim. Que são sinonimo de "verdadeiro". E real.


Jacob E. diz:
 Eu também te amo.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Bridge to Terabithia.


"Eu sigo em frente bem devagar.
Um mundo lindo e inexplorável abaixo de mim.
Flutuo silenciosamente,
e o som da minha respiração quebra o silêncio.
Acima de mim nada além da luz trêmula,
que é do lugar de onde eu vim.
E é pra lá que voltarei depois.
Estou mergulhando.
Eu sou uma mergulhadora.
Vou mas fundo e vejo pedras rugosas e algas escuras.
Na imensidão azul, um cardume de peixes prateados aguarda.
Enquanto estou nadando bolhas saem de mim,
e sobem oscilando como se fossem águas-vivas.
Verifico o oxigênio.
Não tenho o tempo que precisava para apreciar tudo,
Mas é isso que torna a experiência especial."



Leslie Burke, no filme "Ponte para Terabítia."

Snuff - Slipknot



Enterre todos os seus segredos na minha pele
Desapareça com inocência, e me deixe com os meus pecados
O ar ao meu redor ainda me parece como uma gaiola
E o amor é apenas uma camuflagem para o que parece ser raiva novamente...

Então se você me ama, deixe-me ir. E corra para longe antes que eu perceba.
Meu coração está negro demais para se importar. Não posso destruir o que não está lá.
Me entregue para dentro do meu destino - Se estou só, não posso odiar
Eu não mereço ter você...
Meu sorriso foi tomado há muito tempo atrás/ Se eu posso mudar, Eu espero que eu nunca saiba

Eu ainda aperto suas cartas aos meus lábios
E as mantenho em partes de mim, partes que aproveitaram cada beijo
Eu não pude encarar a vida sem a sua luz
Mas tudo isso foi tirado... quando você recusou a lutar

Então guarde o seu fôlego, eu não irei escutar. Eu acho que fiz tudo muito claro.
Você não poderia odiar o suficiente para amar. Isso era para ser o suficiente?
E só desejo que você não fosse minha amiga, assim eu poderia te machucar no final
Eu nunca clamei para ser Santo...
Meu interior foi banido tempos atrás/ Isso custou a Morte da Esperança para deixar você ir

Então se quebre contra as minhas pedras
E cuspa sua empatia na minha alma
Você nunca precisou de nenhuma ajuda
Você me vendeu por inteiro para se salvar
E eu não escutarei a sua vergonha
Você fugiu como os outros
Anjos mentem para manter o controle...
Meu amor foi punido tempos atrás
Se você ainda se importa, nunca me deixe saber


Se você ainda se importa, nunca me deixe saber.

http://www.vagalume.com.br/slipknot/snuff-traducao.html#ixzz17VEVTUfs

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Just tonight.

Não, você não é. - Responde o espelho.
Caio de joelhos.
Sem paz.
Sem fé.
Nessas ultimas semanas, eu tenho tentado. Arduamente. Mas, de certa forma, é como se eu não estivesse vivendo a minha vida. A minha vida...
Vi em algum lugar, que os deuses se alimentam da devoção. Talvez a morte se alimente do medo. E eu me alimente dos meus próprios sentimentos. Não que eu esteja tentando me comparar as divindades. Definitivamente, longe de mim.
Me sugo, me rasgo, choro. Eu creio em mim mesmo, mas de repente eu simplesmente estou bem por não crer mais. Por não amar mais. Por não me ter mais. Seria bom, por alguns instantes, mais uma vez, não me ter mais.
Eu preciso de um vidrinho que me faça crescer, eu preciso ser forte o suficiente pra não chorar pela falsidade. Eu vou andando e meus pés vão afundando no chão, até ficar apenas com a cabeça de fora. Ela não é absorvida pelo chão e mesmo quando eu tenho todo o oxigênio do mundo a minha disposição, me sinto sufocado. Mas eu sou o chão. Eu sempre fui. Então, como me alimento de mim, tento me suicidar. Uma reação instintiva. Sufoco-me. E mesmo sem me olhar nos olhos, o reflexo é o mesmo. O mundo ao meu redor gira, eu eu estou parado. Eu queria... Eu quero. Mas isso não é mais importante.

Eu bem que gostaria de morrer, mesmo que em mim. Porque morrer é fácil.

Viver, é que é difícil.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010


Eu não vou perceber se você mudar as letras de lugar. Essa língua da madrugada, do escuro e do frio me é estranha, pois venho do Norte. Venho do forte, que geralmente incendeia teu coração. Queima teu pulmão. E muda toda tua visão, como fumaça. Escassa, que desliza por entre as frestas. As festas, que fazes quando me vê. E crê, que não percebo esse teu andar. Mas olhar, pra mim não é suficiente mais. Então, eu não vou perceber se você mudar as letras de lugar. Toda essa tua história, já me é familiar.

Pra que me manipule como quiser.

Eu tinha. E perdi.
Eu lutei. Mas desisti.
Me senti completamente inúltil.

Então cantei.

Pra você sorrir.
Pra me distrair.
E talvez não mude nada.
Mas tentar só me custa alguns segundos.
Alguns segundos de vida.

Eu era. E consegui.
Então fiz. E reparti.
Não senti nada meio fútil.
O mundo gira meio...

Então eu canto.

Alguns segundos de tinta.
Pra mudar essa cor. Essa triste cor.
Que acompanha meu respirar.

Meu cantar.

Então, eu grito.

Pra você sorrir.
Pra me distrair.
E talvez não mude nada.
Mas tentar só me custa algumas vidas.
Algumas vidas de segundo.

E eu queria, então tinha.

Odeio escrever com caneta azul.
Porque sentir sua falta é como queimar o brigadeiro.
E eu não tenho tempo.
De sorrir com os olhos.

Porque amar loucamente, é gritar só.
E ouvir seu eco, em outra alma.

Bella.

- Tá, calma. Espera. Ok. Chega. Tô morto. - Deixei sair entre bufos enquanto buscava o ar, com dificuldade. Caí sentado no chão, sentindo minhas pernas meio trêmulas. Ela se aproximou, também ofegante, e se aninhou ao meu lado como de costume.
Sempre achei meio estranho o fato dela sempre me encarar e virar levemente o rosto de lado quando ouvia a minha voz, o que quer que estivesse falando. Seja brigando e gritando, pelo fato dela não poder ver uma roupa estendida no varal e sair pulando e puxando, para rasgar, babar e morder depois. Até mesmo quando eu sussurrava baixinho alguma coisa, distraído, enquanto escrevia sentado na pia, ela me olhava curioso. Aquele olhar... Era como se ela tentasse entender algo. Me entender, no caso. Ela só ficava longe de mim, quando eu chorava. Não sei bem o que acontecia, mas parecia que ela ficava fingindo que não me via. Dava umas voltas, cheirava o chão... E só quando eu realmente enxugava meu rosto e sorria por ser tão bobo (eu quase sempre abro um grande sorriso depois de chorar bastante) que ela se aproximava, ainda meio desconfiada e lambia minha orelha, ou meu pé, ou minha mão.
Eu geralmente tinha as tardes livres, mas eu não sei exatamente porque, eu passei exatamente essa tarde toda brincando com ela. Corríamos pela casa, eu jogava coisas pra ela pegar, (ela nunca trazia de volta, só cheirava e vinha novamente pra perto de mim) e eu ficava rindo dela tentando pegar o próprio rabo. Depois de brincarmos bastante, ficamos ali sentados, sentindo a brisa, em silêncio. Levei minha mão até a orelha dela e a cocei, e como uma carente de carteirinha que era,(temos isso em comum) ela se derreteu toda, se esparramando no chão. Suspirei, lamentando a hora de ter que entrar e me ergui, me direcionando ao portão. Como sempre, ela saiu em disparada em minha frente, trombando em minhas pernas pra me esperar bem ao lado da grade. Ela sempre tinha essa vã esperança de que eu a deixaria entrar.
- Amanhã a gente brinca de novo bebê. Vai dormir. - Disse, enquanto fechava o portão. E ela virou o rosto de lado e me encarou, como sempre, com seus gigantes olhos cor de mel. Latiu pra mim e saiu correndo, pra se juntar ao resto da gangue. E eu, fui pro meu quarto.

Sem saber que não haveria como brincarmos amanhã.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Burning.

O problema nunca foi querer, e sim a quantidade de desejo.Eu tinha algumas coisas a resolver. Eu precisava consultar alguns motivos. Mas eu não conseguia. 

Não com a sua pele tão perto da minha.

domingo, 7 de novembro de 2010

Nem por razão, ou coisa outra qualquer.

Eu guardei alguns planos pra mais tarde.
Sem saber que ficaria tarde demais.
O sol, fugindo, transformou o céu em laranja. E eu sorri.

Não tinha mais nada a se fazer.
Se eu falasse, poderia me contradizer.
E não iríamos querer isso.

Os motivos me embaçavam.
O suficiente pra arrancar minha fé.
O suficiente pra não me manter mais de pé.

E aí, eu me rendi.
Geralmente era preciso mais do que só um abraço pra isso.
Mas dessa vez era diferente.

Apenas saltei e olhei pra cima.
Não era mais laranja, era o puro preto.
O tempo também sabia. E eu sorri.

Não havia mais porque esconder.

"Ninguém parte o meu coração!" Eu gritei.

A terra me acolheu quando caí. Não parecia nem o chão.
Parecia que eu estava aterrisando em um travesseiro de plumas.
Mas eu sabia que era tudo coisa da minha cabeça.
A partir dali, não haveria mais dor.

Não há como partir meu coração.
Ele já foi partido. A muito, muito tempo atrás.

"To all of you who've wronged me...
I am... I am...

A zombie."

I knew.

Já havia aprendido minha lição. Havia pago todas as minhas dívidas.
E mesmo assim, tudo parecia sempre bom demais pra ser verdade.
Eu fechava meus olhos, mas a pergunta sempre vinha.
É ou não é real?

Tenho certeza.
Dos sentimentos, calafrios e arrepios.
Mas porque você parece não ter idéia do que significa me ter?
Espero que a realidade não lhe seja tão suja. (Ninguém suportou a idéia até agora).

Porque ela continua a dançar pra lá e pra cá.
Da minha cama até a nossa.
E cada um escolhe pra onde ir. Sempre escolhe.
Talvez por isso só eu fique me lamentando aqui. Pelas escolhas.

A fraqueza sempre me mantém só.
Porque eu nunca me importei com ela.
Eu nunca quis saber.
Se era real ou não.

domingo, 31 de outubro de 2010

Paciência.

Eu me parecia com o sol, naquela idade do dia. E simplesmente não pude dizer. Não saiu. Não veio. Não senti. Meus lábios procuraram famintos os dela, tentando tapar as minhas próprias dúvidas. Teria eu coragem? Pro bem dela, eu não tive. Coragem nenhuma.
Como se sentiria, posteriormente descobrindo que o disse, simplesmente por medo de magoá-la? Isso a magoaria mais ainda? Ou ela reconheceria que o meu maior medo era fazê-la sangrar mais uma vez? Uma vingança particular, pelo o que ela havia feito comigo.... Pois era certo que eu um dia a amaria. Mais poderia eu expressar sem ter certeza? Atirar no escuro, brincar com fogo? Eu seria capaz?

Eu não queria fazê-lo. Mas e ela?

Então, colocou sua cabeça em meu peito e ouviu meu coração. Senti quando ela virou o rosto, que na minha blusa, ela enxugava as minhas dúvidas, escondida.

sábado, 30 de outubro de 2010

Confessions. II

Tenho-te.
Não porque tento-te.
E sim porque amo-te.

Fora de mim.

Toda uma história, sem mim. Deveria eu odiá-la por isso? Deveria eu, em nada sã consciência deixá-la fabricar alguns eus imaginários, feitos a medida do seu próprio benefício? Simplesmente deixá-la ir ao vento, ao tento, alento?

Ou devo eu segurá-la e forçá-la a ficar?

Presumo que devo assumir, que gostaria que você me segurasse brutamente com as mesmas mãos que me acariciam, e nunca, nunca me deixasse ir.

Pois eu sei que eu tentaria fazê-lo.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Romântico demais.

Pra falar a verdade, eu queria falar sobre morte.
Mas o que me vem a cabeça, é a glória de morrer por alguém que se ama.
Depois da morte, eu tentei o suicídio.
Então me lembrei que o amor é um suicídio eterno. A dúvida entre permanecer vivo ou não, apenas admirando a razão de sua existência simplesmente não o notar. O amor da sua vida.
Seriados de tv, filmes, música, gritos, danças, cigarros e muita dor.
Tudo passou pela minha cabeça.
Tudo se automaticamente, relacionando ao amor.

Então me veio a brilhante idéia.
SORVETE!

Antes que eu me lembrasse do gigantesco e delicioso pote de baunilha... Que você me deu no meu aniversário.

Confessions.

Tudo bem, eu não tinha só os dois reais do ônibus nos bolsos. E eu também não precisava de tanto sorvete todo o mês. Nunca tive problemas com minha bexiga... E os barulhos de meus vômitos no banheiro, não eram uma nova música punk. Sempre passei muito tempo esperando você me chamar de novo, daquela palavra. E sempre soube que quando você chamasse eu ficaria assim. Sim, eu sinceramente espero que você leia isso, porque não é tão difícil assim digitar aqui, em vez de simplesmente te mostrar.

Você nunca precisou me pedir nada.

Eu sempre gostei do seu carinho nos meus cabelos.

E, sabe. Acho que isso vai durar um bom tempo.
E você nunca, nunca me perdeu.
Eu só me desviei um pouco. Eu precisava pensar.
É pecado sentir medo de... realmente, realmente amar?

Acho que não.

Lovers.

Uma necessidade estranha. Ou duas. Não tínhamos como explicar.


Mas andar de mãos dadas, era como ser seu dono. Dono do seu mundo. Dono do meu mundo, que é você.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Way.

Eu tinha alguns gritos mudos pra proclamar. Mas aí eu lembrei os motivos certos pelos quais eu arranquei suas línguas e os enfiei no canto mais escuro da minha gaveta. O porque deles serem mudos.


sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Eco de dentro.

Escrevo e apago, escrevo e apago.
Talvez eu não tenha realmente nada a dizer. Mas talvez eu precise, mostrar a mim mesmo, que eu não preciso mais. Que você não é mais nada pra mim. Eu não quero que isso seja mais um texto sobre eu e você. Eu quero que esse seja o nosso, último texto.
Porque, sempre, apesar de tudo o que você me fez, eu sempre estive lá. Esperando você pedir perdão e pronto pra abrir os braços e te abraçar, com força, pra que você sentisse todo o amor que eu também sentia quando você estava perto de mim.
Eu devia simplesmente ter chorado, ido pra casa e me trancado no quarto, naquela vez em que você debochou de mim, deu de ombros e me deixou falando sozinho, enquanto todas as minhas esperanças despencavam pelo ralo. Mas não. Eu tinha que vestir aquela roupa boba e ir atrás de você, na chuva, até que um carro esbarrasse no meu braço com o retrovisor e me jogasse no chão, me enchendo de lama e me forçando a voltar pra casa.
Eu desisti? Não. Eu passei meses e mais meses, eu te puxei pra mim e te beijei esperando que você finalmente acordasse e soubesse que eu era o único que aguentaria todos teus caprichos, satisfaria todos os teus desejos e te amaria como nenhum cara conseguiria fazer.
Mas aí você continuou a virar as costas pra mim. E eu continuei a me trancar mais ainda, me esconder de mim mesmo, sentar em cantos de praças que eu nunca imaginei que se tornariam quase um segundo lar pra mim, e chorar. Chorar, até não ter mais água alguma no corpo. Até sentir todo o sentimento que eu sentia por você se transformar em uma fúria homicida. Eu finalmente sentia vontade de matar. Matar, todo esse amor desesperado que você fez nascer em mim.
Então, eu engavetei todas tuas cartas, vesti aquela sua blusa larga e velha que você esqueceu no meu quarto e me encolhi. Eu sabia que estava sarado, para sempre, e nunca, nunca mais eu iria te querer como antes. Eu pretendia te deixar em paz. Ficar longe de você.

Até você voltar sorrindo e pedindo desculpas, como sempre, e eu descobrir que te odeio.
Do fundo do meu coração.

Então, ela disse.

"Eu me sinto tão... Por fora. Como se todo mundo estivesse em uma festa e todos estivessem se divertindo. Menos eu."

Rumo ao lar.

Ela era a única inalienável.
Ninguém a tomaria de mim.

A não ser quando ela descobriu o que era a liberdade.
Então apenas sorriu de minhas lágrimas e correu, rumo ao seu sol.

Meio assim.

- Você me deve alguns sorrisos.
- Eu sei. - Tentei responder á voz naturalmente. Era difícil conversar com alguém que eu não pudesse ver quando o olho tremia, quando a respiração mudava ou até mesmo quando esse alguém mentia. Mas eu estava me saindo bem, consegui fazer minha garganta produzir som. E mais som. - Mas você vai ter que esperar mais um pouco.
- Não sem uma boa justificativa. - A voz se fez clara e firme. Como uma ordem. Não reajo bem com ordens.
- Estávamos quase no dia dos namorados quando eu pedi algumas voltas no ponteiro a sós. Ela não entendeu e... Bem. Eu fui atrás depois, eu passei por cima de mim mesmo para conseguí-la de volta. E agora estou assim. Não a tenho, não preciso mais dela. Mas isso não faz com que a dor se amenize... Principalmente porque toda noite choro e todo dia lembro, o quanto fui feliz.

- Tudo bem. - Disse a voz. - Deixe os sorrisos pra depois.

Porque até mesmo ela sabia, como era.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Rascunho

Não vou saber o que fazer quando ela finalmente der fim a toda essa dependência que eu sinto e que sei que ela também tem por mim. Talvez essa dependencia sim seja pra sempre, acima de todo o amor que passou, acima de todas as promessas, acima de todos os beijos. Mas eu realmente não vou saber o que fazer, quando esse pra sempre, o último pra sempre de todos, tiver um fim.


Eu prefiro nem pensar.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Caçador.

Um.
Dois.
Três.

Haviam muitos segredos ali. Alguns poucos escaparam com a chuva, outros poucos com o incêndio. Mas só alguns ficaram a esmo, naquele vento que nem era brisa e nem tentava ser furacão. E era minha responsabilidade saltar de nuvem a nuvem, me esticando na ponta dos pés pra pegar cada um deles e juntá-los aos fios de barbante dentro dos meus bolsos.

Não.

Eu precisava dizer o quando eu preciso agora dos braços e pernas que desprezei ontem. Na verdade não desprezei, só tentei guardar na gaveta como sempre. E acredite, não estou falando dos seus braços e pernas, porque eles tem olhos e você estaria lendo isso. Os braços e pernas que cito, não tem olhos pra mim, mal me enxergam, então não teriam capacidade de ler esse texto agora. E isso é triste.

Mais triste ainda, sou eu confessando que preciso agora dos braços e pernas que engavetei como sempre.

sábado, 18 de setembro de 2010

Memórias do power ranger azul.


- NÃO É JUSTO! - Explodiu em um grito, daqueles estéricos e que ecoam pelos telhados, chamando atenção da casa toda.


Acho que todos nós, seres humanos, desde a infância desenvolvemos nosso próprio senso de justiça. 

- Não. Eu vou ser o power ranger vermelho, não adianta gritar. Eu mando. - Riu a outra criança, cruzando os braços.


E também acho, que é na infância que nós descobrimos que tem gente que pouco se importa pra justiça e  todas essas baboseiras.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Finje daí que eu finjo daqui.

E aí, quando você finje. Parece que finje tão bem, que repete, fala de novo, aumenta os fatos, torna pior.. Porque, é claro que você faz isso tudo sem querer. Você não faria de propósito. Eu sei que não. Eu respondo com um enorme sorriso, ou alguns pequenos meio descompassados, pra demonstrar que não ligo. Não ligo, porque ligaria? Eu não devia estar desviando sentimentos dessa forma, eu não devia sentir essa vontade louca de chorar, eu não devia estar escrevendo aqui, dessa maneira, sobre você, nesse sentido. Nesse sentido que te quero.

Porque eu preciso que continuemos a finjir, até eu te ter perto o suficiente pra que não possa fugir.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

?

O grito sobe e desce, decidindo se explora ou não o ar denso que o convida de fora da garganta dela. E então o sorriso se espalha. Pronto. Destemido. Alterado. Alterando. O beijo da amada aquece todos os ossos e lhes mostra vida, lhe casta a vinda, lhes deixa em pedaços. Mais coisas a colher, do chão já sujo da cidade, cheio de folhas e virgindade. Arrancada de quatro ou uma divindade.

De mãos dadas saem cantando, como se nada tivesse acontecido, sufocando mais um beijo adormecido, que a cidade colhe, escolhe, tece e envolve em seus fios de entranhas, piranhas e histórias. Memórias.

Coisas pra contar, de um bêbado ou dois, de onde vivo e moro, mordo e exploro, adoro. Desde que me vim ao sim, de Pequim ou até mesmo de uma estada em um jardim.

Subentendido.

Mas mesmo assim você não vai saber nunca.
Ainda assim nunca vai perceber que tudo gira quando você está perto.
Tudo bem, eu confesso ser meio fraco, mas não vou esperar mais.
Haja amor para aguentar a dor que você me causa.
Estar nas sombras dos outros é meio normal...
Um ou dois minutos (ou anos) a mais, não vai fazer muito diferença.
Sim, eu sei lidar comigo mesmo, mas não pra sempre.

Trancado atrás de uma porta pela qual o tempo não tem permissão de passar.

Mísseis teleguiados são mandados na minha direção. Rolo pela terra que separa as trincheiras, apesar do sono. Preciso estar acordado todo tempo, afinal é uma guerra. Apesar de na maioria das vezes eu não saber o que fazer.

Me conforta ter uma constelação inteira bem na minha janela.


Meu coração se aquieta, acelera, aquieta, acelera, até explodir de vez. Cada pedaço do mesmo é presenteado em fitinhas azuis para todos os seres que ajudaram na missão de partí-lo. Com ele fora de meu peito, não sei se venci ou se perdi. Talvez eu tenha perdido, ouvi dizer que em uma guerra não há vencedores. Mas também ouvi dizer que não há perdedores, então tudo fica escuro. A fumaça deixada pelos tanques me altera, se misturando a poeira de todos os outros soldados que rolaram pela terra que separa as trincheiras...

Me conforta estar sentado no chão, chorando sozinho, livre, sem restrições.

Olho ao redor e percebo ser um dos poucos sobreviventes. Mesmo sem coração, me encho de orgulho e me sinto como um rei. Até sinto o peso da coroa, a responsabilidade sobre mim de levar a todos os terríveis acontecimentos deste lugar... Isso, se alguém quiser saber. Me imagino a dois anos atrás, em pé na minha cama gritando e descobrindo meu próprio eu selvagem, pensando em como colocá-lo em prática. Agora, me coloco no canto, enfrentando a dor.

Com um caderno em minha mão, me nomeio quem eu quiser. Isso é bom.

Risadas explodem do outro lado do campo. Meio nervoso, percebo que talvez não haja mesmo ganhadores, nem perdedores. Percebo que isso tudo, talvez, não passe de uma grande de piada e por algum motivo de força maior, começo a sorrir junto. Mas não sorrio pouco, eu dou risadas, eu estremeço, sinto lágrimas de felicidade caírem do meu rosto sujo, como uma criança boba brincando na lama.

Confuso eu ouço gritos, urros de vitória. Com uma bala bem no meio da testa, um camarada meu me abre um sorriso sincero. Mas não é apenas um sorriso sincero, ele transbordava vitória em cada dente que se mostrava exposto. Me desmontei, adulto, sofrido, cansado e completamente em prantos como estava.

Um tiro em meu peito me acorda daquele sonho, me mostrando que o que eu gostava mesmo era de sorvete e que na verdade... Eu continuava sendo uma criança boba na lama.

Aqui jaz, Mark Elfric Defoe.

Não era exatamente amado. Na verdade não como queria. Na verdade, tudo o que queria era não se conhecer tão bem, não saber que quanto mais quer algo, menos pretende manter quando consegue. Então, ele estava ali, por se conhecer, por ser fraco e por amor. Café pela manhã e sorvete durante todo o resto do dia, lhe eram indispensáveis. Sua casa andava meio bagunçada como sempre, assim como sua mente. Costumava expor tudo antigamente, mas aí vinheram os russos... E tudo continuou a mesma coisa de sempre: Expondo. Até nada, quando nada era o que lhe passava pela mente.

Um dia desses o observei se espreguiçar em frente á sua enorme janela de vidro. A faxina matinal, afinal, havia se prolongado até o sol se pôr. E lá estava ele, cansado de sua rotina vazia, das visitas inesperadas e das ausências que ele tanto desejava. Seu olhar triste atravessou o vidro e chegou até mim, que fui tomado por sua sensação de dever cumprido, seguido de um vazio imenso que o futuro lhe destinava. Percebi que logo ele iria chorar, então me adiantei pra começar eu mesmo a chorar por ele. Ás vezes penso em contá-lo, que ele não está tão sozinho aqui. Que o observo dia e noite e até lhe aconselho. Mas por muitos motivos diferentes, não posso fazê-lo.

Era divertido ver como ele agia como uma criança a algum tempo atrás, rindo bem alto dos seriados que passavam de madrugada do sbt. Ás vezes ele tem alguns lampejos dessa já passada felicidade, como ontem, quando ele se ajoelhou entre gargalhadas pra apanhar os cacos do vaso de vidro que sua mãe lhe trouxe da Romênia. Eu percebia ele se olhando nos reflexos dos caros cacos de vidro, seus olhos azuis turquesa gritando "Quem sou eu?". O momento de alegria se foi, mas apenas por alguns instantes, quando a campanhia tocou. Cada célula do meu corpo escutou a resposta muda que ele se deu, quando seu sorriso voltou a se abrir. Eu sabia o que ele havia se auto-respondido.

"Eu sou o Mark, ora bolas."

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Rindo.

Vejo que tive esperanças.
Que fiz planos.
Que amei.

Vejo que escrevi muita coisa.
Que li muita coisa.
Que cantei.

Vejo que comecei sorrindo.
Que sabia do futuro.
Que não me arrependo.

Mas de que adianta, se tive, fiz, amei, escrevi, li, cantei, comecei, soube e não me arrependi, se tudo isso o que fiz, fiz sozinho?

sábado, 14 de agosto de 2010

Essa não é uma bela história.

          Volto novamente pra aquela noite, na verdade, sou transportado pra lá. Isso sempre acontece quando o sol se põe. Minha Laurie está lá. No entardecer. Seu corpo cheio de vida, atlético até para uma menina de 9 anos, dispara pelo quintal em meio segundo, seus lábios e dentes quase sempre repuxados e expostos.. A sorrir. Essa era minha Laurie. Observo uma carcaça cheia de sangue ser trazida à minha memória, sem vida, um corpo sendo colocado sobre a calçada... Reconheço os cachos dourados sendo puxados pelos paramédicos, puxando minha nenén feito a carcaça de um cachorro, a levando pra aquele carro fúnebre, tirando-a de mim...
         
          Mas hoje, agora, nesse momento, eu posso chorar.

          O sorriso que aparece em meus lábios e reflete na vitrine da loja de espelhos, me é completamente estranho, molhado e envolvido por minhas lágrimas. Ainda voltando no tempo, o espelho reflete ao meu lado o sorriso puro, inocente e desdentado de Laurie. Vejo minha anjinha correndo pela casa com seus cachos, alinhados, caindo na altura dos ombros... O que me assusta, me alerta, como minha anjinha está crescendo.. Estava, crescendo.

          Me ergo dali, feliz.

          Minha justiça foi feita. O bicho-papão está morto, meu anjinho. Sem medo de deixar provas, pouso minha arma no rosto do lixo, nas rugas do terror. Estou pleno e estando assim, não me contenho e continuo a chorar e rir. Minha justiça foi feita.

L.

Entre lágrimas eu escrevo aqui.
Meio trêmulo.
E nesse exato momento.

A alguns segundos atrás.

Você disse que me ama. E eu vou guardar isso, pra sempre.

Untitled.

O reflexo de sempre estava lá. Ele sorriu. Ele tinha nome, sobrenome, família, história. Eu era só mais um, então, devolvi pra ele uma lágrima minha em troca do seu sorriso, quase desistindo completamente de mim. Eu sabia que não havia mais como lutar, e ele tinha uma vida inteira pra viver. Minha vida.
Sem saber direito como fazer isso, eu simplesmente fechei meus olhos e inspirei o ar com todas as minhas forças. A mágica aconteceu como eu previ. Eu me tornei meu reflexo, agora eternamente com meus olhos marejados e meu estômago apertado. Eu estava no espelho.
Suspirei, abrindo em seguida um sorriso quando o ar de meu hálito se condensou contra o espelho e o embaçou levemente. Eu não estava tão morto afinal.

Mas ele estava, bastante.

Caído ao chão, mergulhado em uma piscina de vermelho vivo. Sangue. Meu sangue. Não me surpreendi... Só dei as costas para meu antigo eu, comtemplando agora o infinito. Comecei a dar alguns passos, sentindo-me renovado. Eu não estava surpreso.

Nem todos aguentariam o peso de ser eu.

Torto.

Meio que está no meu subconsciente, essas coisas todas que faço pra te agradar.
Talvez seja meio absurdo, que eu tente te fazer me amar.
Isso deveria acontecer naturalmente. Não?
Tudo era pra ser mais padrão.
Mas eu saí da linha pra chamar sua atenção. Sem intenção.

"Eu sei que você não gosta de mim, mas deixa eu te olhar mesmo assim."

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

"Meu coração, vai te mostrar."

Tenho medo nos olhos.
Não tenho lugar pra ir.
Guardo lembranças em caixas.
E meus medos bem ao lado delas.


          Não tenho mais a minha vida de antes.
             Agradeço por estar vivo, trilho.
                  Espero os degraus descerem.




Quero me agarrar a felicidade que sua lembrança me traz.                                 

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Lá.


Aqui, onde estão os desamparados. Onde vem as crianças de roupas limpas, reclamar sobre os pais que não lhes dão a devida atenção. Aqui, onde os depressivos se encontram e trocam experiências póstumas, relatos de todas suas mortes. Aqui onde os carentes encontram abraços, onde os fracos encontram braços fortes pra sustentar seus medos mais profundos. Aqui onde os vaidosos vestem corpos diferentes todos os santos dias, procurando atribuições físicas que lhes falta. Aqui onde estão os loucos, aqui onde se encontra todo tipo de gente, doente, crente, carente. Onde se sente dor, onde se sente amor, onde se procura por distrações, uma fissura brilhante na parede do tédio.

Aqui, onde eu me encontro.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

BECAUSE!

A girl like you is impossible to find.

You're impossible to find.

Fragilidade.

Vive doendo, e não sei até quando vai continuar assim... É como viver anestesiado. É como nunca tomar o caminho certo.
Tenho medo, mas nem sempre ele me rege.
E, se todos nos fizéssemos mais humanos, não haveria sequer uma pedra quebrando.
E destruindo.
Deixando em pedaços. Cacos.

Lindos tetos de vidro.

Egoísmo.

Pra não ficar repetindo o tempo todo: Não quero.
Ás vezes me satisfaço com meu próprio sangue.
Importa-te?

Teu prazer depende do meu. (Importo-me?)
Afinal o espelho é pra quem quer.
Espelhos são para fracos.

sábado, 24 de julho de 2010

Miserable at best.

"Depois, parecemos dois estranhos..."

Franzi o cenho, sem reconhecer esse seu novo sorriso. Teus dedos tentaram acariciar meu rosto, e foram ásperos. Você me olhou como se tentasse me acalmar, como se me entendesse, mas na aproximação, na faísca, no fogo... Tu me afastou como se não me reconhecesse também. Me encolho em mim. Minha mente, oca. Sobre meus ombros, estão as dúvidas. Sobre meu peito, pesa a responsabilidade.


"O que eu deveria fazer agora, quando o sentido se perde como..."

Dei uns passos pro lado, em minha cabeça eu via cenas de fuga de alguns filmes famosos. Eu sorri sozinho. Senti uma pontada forte no meu peito, quando percebo a forma que você me olha. A imagem de teu rosto em mim tremeu, fazendo meus olhos arderem. Eu não me reconheci no reflexo do teu olhar.

E agora, com as mãos distantes, voltamos a civilização.

Volto a me sentir frio.
Volto a me sentir eu.
Volto a me sentir visto.
Volto a me sentir.

Um dia qualquer de julho, 2010.

Acordei cansado, porém pensando. Sabe, eu nunca tive uma infância direita. Ou correta, ou padrão, como quer que você queira chamar. Eu não tive de onde tirar os exemplos certos, eu não tive base. Não estou desmerecendo a educação que recebi, menos ainda as pessoas que tive ao meu redor durante esse período. Mas, olhando como um todo, talvez seja esse o motivo, para que as coisas não funcionem da forma certa comigo. Ou da forma correta, ou da forma padrão. Nem o amor... Nem a dor. Talvez por isso, eu sempre esteja usando o "nunca" quando vou contar ou registrar algo que senti, sinto, sentirei. Eu até então não tinha reparado nessa mania sórdida, mas após ser alertado sobre isso (Obrigado, Ingra.) vi que realmente era verdade: Eu estava sempre me sentindo... como eu nunca havia me sentido em toda minha existência. Não importava se era um sentimento bom ou ruim, era sempre intenso. Então, eu acho que eu sou intenso. E, sabe, talvez isso não seja uma coisa da qual eu possa me orgulhar.

Sempre que tento me mudar ou penso sobre isso, me percebo horrorizado logo em seguida. Porque diabos eu me mudaria?

Eu nunca havia conhecido alguém como eu...
...E não sei se isso é uma coisa da qual eu possa me orgulhar.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Is my drug.

Se tanto fizer pra você... Tanto faz pra mim também.
Me livro da luta, estou sem armas.
Deixei as táticas de batalha em casa: no caderno.
Sento em minha cama e desando a escrever: de novo.

Sobre você.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Sutilmente, sob o mesmos panos sujos.

Claro que eu iria sobreviver: Não tenho uma grande lista de episódios infelizes em minha vida, porém, os poucos que tive foram vilões o suficiente para que eu aprendesse muito sobre recomposição.
E aí a vida passa...
Os dias vem e voltam...
E quando finalmente lembramos de como se olhar no espelho... Nosso reflexo some.

Você luta.
Eu luto.

A diferença é: Não sei como luto.
Se suporto.
Se aguento.

Só sei que no final, eu vou sobreviver.
É claro que vou.

Botões de carne e osso.

Eu achava que estava preparado.

De acordo com experiências anteriores (parece até ridículo, hilário e absolutamente desnecessária essa comparação, agora) seria como o golpe de um taco de beisebol nos testículos. "Ou mais doloroso que isso", pensei.

Eu sabia que ia doer.

Só não saberia que doeria como a morte.

Pois doeu. Doeu, e depois doeu mais. Doeu, como se eu morresse mil vezes seguidas. Eu não sabia que eu tentaria morrer pela milésima uma vez quando "passasse". Eu achava que me sentiria bem, melhor, ou até tão incrivelmente bem como nunca cheguei a estar. Pequei nesse ponto.
Eu não sabia que cada segundo de minhas mortes seria como duas eternidades somadas, no inferno, queimando.
Eu não sabia.
Eu idealizava uma dor ridícula entre as minhas pernas, causada por um objeto humano e cheio de peso. Então, eu senti a pontada quente no peito que ultrapassou qualquer mísero conceito de dor que eu já havia registrado em minha breve existência, morrendo finalmente pela milésima segunda vez.

Chorar? Claro que eu iria chorar.
Mas não havia imaginado, de forma alguma que perderia meu já duvidoso "apetite", que sentaria em uma calçada suja ao meio dia pra tentar pensar em outra coisa a não ser chorar e derramaria lágrimas por horas seguidas, sussurrando um nome.

Mas... Quando me dei conta de que seria realmente o fim de tudo, quando a dor parecia não poder crescer mais: Tudo mudou.

Estiquei meus lábios em um sorriso.
Experimentei a nova sensação, em êxtase.
Sorri, bebi, dancei, cantei.
E com a cabeça erguida...
                                                                                                                                   
                                                         ...Eu morri pela milésima terceira vez.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Meio que uma história.

Era uma vez.
Era duas vezes.
Era três vezes.

De repente, eram tantas vezes, que nem eram mais. Estavam todos preocupados, os nervos á pele da flor. Mas apesar de tudo, tudo muito chique. Caviar, coxa de frango.

Maria não ligava pra essas coisas, seu olhar estava no moço de paletó roxo, ao lado da fonte de anjos que soltavam água pelas narinas.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Annaliese.

Correu, correndo. As pernas finas batendo contra as folhas de outono. A floresta parava para ver o vestido preto flutuar, nada parecido com mais uma sombra á noite: A pele da dama embaixo do pano cintilava, como mil diamantes á luz do luar. E a floresta virava os olhos, observando sua mais nova moradora, mesmo que provisória.

Dessas vezes.

Que me sinto acuado.
Obrigado a pensar.
Obrigado a sentir.
Tentado a escolher. - Eu amo.

E faço tudo novo, me lembro de mim e aqueço.
Perco.

Horas bagunçadas.

Te escrevo.

PARA QUE FIQUE!

I'v got no time for feeling sorry.

Havia mais de 79 caminhos, eu contei.
Tomar minhas próprias decisões parecia arriscado agora. Talvez, nessas jornadas, eu realmente me perdesse e isso definitivamente parecia uma escolha difícil. Entre os 51 caminhos, havia um que se destacava, um que era fácil. Eu me via dando passos leves pra dentro dele, sentindo o cheiro de lavanda das flores na beira da estada de pedras, muito bem feita, por sinal. Era fácil respirar naquele caminho, então decidi chamá-lo de caminho número 1. Parecia um bom nome. Dentro dele, senti gosto de geléia, sorvete, bolachas, lasanha e coca-cola. Me senti acolhido pelo ar dali, era fácil respirar e andar, eu poderia andar kilômetros por ali e me sentir satisfeito, parando pra descansar em uma das grandes pedras que ficavam nas bordas. Eu sabia que aquele caminho era o certo a seguir, era o meu destino, entre todos os 27, ele era o meu. Era fácil, e eu seria feliz durante ele todo. Saber exatamente o que aconteceria, tornou a felicidade que o caminho número 1 podia me oferecer... Fácil demais. Fiquei enjoado e passei a fitar os 17 caminhos, todos eles alinhados, esperando minha decisão.

Tinha uma caverna... meio turva, não conseguia ver direito o que era. Uma grande sombra, porém leve, cor de fumaça, pairava sobre a mesma, impedindo minha visão. Lá de dentro saía um cheiro pesado de ervas e inceso, o que aguçou meus sentidos. Também registrei um perfume muito familiar, como se eu tivesse respirado esse mesmo cheiro por anos, o memorizando, e por alguma razão ele parecia ter um tom diferente, um tom azul. Era tudo muito confuso e minha cabeça começou a girar. Tentei me sentar, mas não consegui, fiquei apenas ali, olhando. E no intervalo de meses, quase um ano, me vi observando aquela caverna, como se esperasse minha vez. No milésimo dia, pensei em ter visto um coelho azul sair correndo dali, mas apenas tive tempo de registrar o cheiro, também azul, ficando mais forte. No milésimo terceiro dia, meus pés se moveram em direção a caverna: Não era minha mente que pensava, não era meus pensamentos que pediam. Era meu corpo, que precisava.

Suspirei aliviado, por não precisar tomar decisões difíceis por algum tempo. Os 5 caminhos que restaram não se moveram, apenas esperaram.

sábado, 19 de junho de 2010

Arrogante, mente, faço.

Era como eu jamais pensei que me sentiria. Mas estava lá o sentimento, sólido.
Agora até meus olhos me traem. Todo dia. Todo dia, um novo grito.
Saudade e desespero se revezam na ausência, a dor do dia não dito.
Fazendo meus últimos dias melhores, eu respiro, venho e fico.

Necessidades.

Não a sinto mais, então sem precisar, sento sobre o papel. Sinto no papel. Mostro-me tudo o que se passa. E aí surgem mais motivos, razões, porquês. Grito, grito. Meus olhos o fazem sem esforço, se acostumando. Eu espero o tempo vir, passar, pra me curar..

Como, se, fosse, possível.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

12/06/2010

E tinha aquelas coisas estranhas no peito que eu não entendia.

Caíram ao chão os antigos conceitos sobre coisas eternas. (Não que já não se sentissem meio duvidosos.) Esses verbos no começo já estavam me irritando, então iremos direto ás acusações.

Eu achava que sentado ali, no lugar semelhante, ás mesmas palavras seriam ditas, e eu sairia me sentindo livre. Mas ao olhar nos olhos, segurar nas mãos e prometer mudanças, me senti diferente. Eu senti um calor, eu senti um frio, eu senti que talvez eu pudesse algum dia no futuro, ser feliz. A partir dali, daquele momento. O que eu senti, se chamava esperança.

Então foi o que fiz. Me senti... Continuado.
Eu não havia me atrasado pra nada de especial. Mas o que eu sentia, mostraria depois, que eu estava completamente errado sobre a forma como pensava. Como eu podia ter me deixado levar tão fácil?

Segui marcado, depois do ponto e vírgula, ainda precisando urgentemente arrumar uma rotina. Pra esquecer das palavras. Pra esquecer dos olhares. Pra esquecer das promessas.

Não me atrevo a perguntar se valeu a pena. Pra mim, valeu. Ao menos pra mim.

Talvez o problema central seja que os melhores sentimentos se concentrem apenas em mim. Eu que seja o amor dos dois, a compaixão dos dois, o egoísmo dos dois, a paixão dos dois.

Sim, o egoísmo dos dois.
Pois me disseram ontem que todos em um relacionamento são egoístas, pensando em exclusivamente ser feliz. Me vi então, discordando. Muitas vezes continuei apenas por... continuar. Me sentir, continuado. Não daquela forma de continuação que me senti em relação á esperança. E sim a continuação em relação à compaixão. Mas agora que acordei e não sobrou nenhum pão pro meu café da manhã, terei que concordar.

Talvez eu sempre tenha me preucupado demais em sentir.
Talvez eu sempre tenha achado demais.

Mas tudo o que vou guardar pra mim, não vai ser material. O material será devolvido.
E vou tentar parar de escrever sobre você.

Mesmo que você seja a única exceção.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Pequeno segredo sujo.

Retorço.

Olho ao redor em busca de saídas. Não há, nem trancas. Simplesmente não existe forma de... Dizer. E vou me deixando ir pelos cantos, vazando pelas frestas... Então, eu sorrio mais uma vez.

Sinto um frio subir pelo estômago, ele toma conta dos meus pulsos e fazem meus dedos sorrirem. Nada é o que se pensa, nada. As cores mudam de nome a cada segundo, e as lágrimas caem como tomar doce de criança. Fácil. Eu me desfaço, me contorço. Eu só quero chorar. Só há escuridão ao meu redor. Eu estou caindo.

Mesmo estando tão emocionado, consigo ver a razão. Então em vez de procurar as portas, eu me tranco.

Me sinto livre. Uma falsa liberdade. Porém, livre.

Então, eu sorrio mais uma vez.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Viajando rumo a áfrica.

Uma fumaça esvoaçante era vista a frente, mostrando que as chaminés das fábricas de pães estavam trabalhando a todo vapor. Um carrinho amarelo-lilás passeava pelas ruas da Bela Cidade Desconhecida, Srta Misfits dirigindo vagarosamente pra mostrar seu novo mimo. Trabalhando arduamente, um marceneiro batia seu martelo sob suor e dívidas, e também sobre a madeira.

Era um dia legal, risonho, ensolarado.

A cidade era cheia de cajus. E mangas.

A chaminé começa a dar defeito até começar a cuspir fumaça convulsiva mente. Srta Misfits derrapa seu carrinho amarelo-lilás sobre um gigante caju, logo começando a dar cavalos de pau, pois com a fumaça, nada pode ver. O marceneiro perde o controle do martelo, o arremessando sem querer. O mesmo quebra  o vidro e entra direto no olho esquerdo de Srta Misfits, que já sem controle de seu carrinho amarelo-lilás, fica logo cega. Sem visão, sem coração e agora sem alguns cavalinhos de pau, Srta Misfits se atira no buraco abaixo. 5 segundos depois tudo explode, 5 anos depois os cavalinhos de pau, tostados, de Srta Misfits são distrubuídos pra crianças carentes da Bela Cidade Desconhecida.

domingo, 30 de maio de 2010

John Bilvey.

Seu sorriso era constante e belo, distraível até.

Mas pra um bom jogador como eu, não era nada que pudesse impressionar. Nada que me impedisse de rir enquanto minha mão direita surrupiava sua carteira. Com a visão periférica verifiquei seu saldo bancário com um dos extratos mais recentes que estava dependurado num dos bolsos mais acessíveis de sua bolsa. Eu não era um assaltante de bolsas, não mesmo. Muito menos um bate carteiras, eu estava apenas checando. Era um saldo interessante até, estava na média. "Descuidado", tossi com alguma força demais, e assim como eu esperava, ela se inclinou pra mim pra perguntar se eu estava bem e me dirigir um educado "Saúde". Me aproveitei disso para colocar sua bolsa e carteira onde eu havia encontrado, sorrindo pesaroso pela falta de educação á mesa.

Seu celular tocou na exata hora que pûs a bolas de volta. Sorri da minha sorte.
Era uma vítima em potencial. Além de linda. Mas, de mulheres lindas, meu currículo estava cheio.
Ela atendia o telefone e jogava o cabelo de lado, mantendo o contato visual comigo e com minha boca.
Desligou rápido o celular.

Comecei a jogar então, com a voz suave e calma, tentando descobrir o que ela queria jantar.

Pra postar depois.

Era eu, uma centauro loira bem grande e um chacal. 

Depois eu conto!

De próprio cunho.

- Eu juro que vi.

(A corda balançava na janela do quarto andar. Mr. Jill nem desconfiava. Maggie descia sem pressa, sabendo que era certo o plano de Lily: Nada daria errado.)

- Eu juro que vi.

ÓDIO.

Se entitulou de sensação.

Veio pelas veias, diretamente da fonte da vida. Pulsava, meio que doía, era uma sensação forte. Era uma sensação.

Darwin usou a "seleção natural" como sinônimo a "lei do mais forte".

Usei-me disso pra respirar, usei-me das letras pra me acalmar.
Um trovão estorou em meu corpo e me vi agindo.
Sob meu punho escapou um grito de dor, na direção certa.
E depois do objetivo, a clareza me deixou aos prantos.

sábado, 29 de maio de 2010

Ela sempre irá chorar sozinha.

A culpa não é dela, ela jamais chegou a pensar isso. Nem em seus surtos mais dramáticos e psicóticos, ela chegou a cogitar colocar o peso em suas costas. Colocou culpa no mundo, pois era mais confortável. Sentada no chão da sala, deixou a gilete afiada expor o líquido vermelho vivo que corria em suas veias. Gostava de vê-lo brotar lentamente, logo melando todo seu braço e o deixando meio mole. Mas nunca chegou a... Doer.

Miúda.

Ele sentou e pensou, em como consertar os sinais. Fechou os olhos com cuidado, deixando sua mente livre pra ir onde quiser. A mesma aproveitou a oportunidade e lhe mostrou o que ansiava: Amor.

Sua boca ficou seca, mas ele trancou os dentes pra não se permitir gritar.

Na verdade ele não precisava nem sentar, nem fechar os olhos.

Ela havia colocado um bilhete singelo em seu bolso de trás, enquanto ele cozinhava. Agora ele deixava sua mente lhe torturar em busca de respostas, enquanto ela definhava. Sim, ela definhava.

No bilhete dizia:

Aqui jaz nosso amor. Eu e você, foi mais do que mero suor brotado pelos cogumelos mágicos. Fomos mais que algumas xícaras cheias de chá e carinho. Era singelo o quanto meu amor por você crescia. E agora encontro-me inchada, necessitada e desamparada. Esperarei na beira da ponte e se até o sol se pôr, você não ouvir o clamar do meu corpo pelo teu, a água me engolirá e literalmente irá afogar e sufocar todo o amor que sinto, por ti.

O único truque da história é que sereias respiram embaixo d'água.

Learning to fly.

Aprendeu a voar com um simples salto.
Foi comentada de norte a sul, por todas as províncias distantes.
Passado e futuro guardaram sua imagem.

Intransponível, triunfante.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Confissão extravagante.

Eu preferia não ter que escrever sobre os sentimentos que sinto agora. Eu bem que gostaria, não estar fazendo isso.

Mas eu preciso, e quando preciso, tudo fica frio se eu não o fizer. Mesmo que agora eu precise do meu passado, mais do que nunca.

Não sei como aguentei tanto tempo sem precisar de você aqui, agora.

Agora parece que tudo está desconfortável, pois pretendo fugir do assunto.
Persisto em coisas banais pra não pensar sobre coisas sérias, pois o que eu queria mesmo era fugir de mim. Ser uma exceção, e não estar sempre tentando segurar uma perto de mim.

Preferia não ser um caçador. Preferia não estar respirando agora.
Não sentir.

terça-feira, 25 de maio de 2010

O diário que mente.

Talvez eu até saiba.
Mas as exceções concerteza são as melhores partes. Fazem tudo brilhar e ficar forte, sem faces ou falsidades. Sempre vivendo como se tudo fosse completamente normal e confortável, as exceções jamais cogitaram pedir permissão para existir. Sem palavras ou atos, elas simplesmente são, se tornando cada vez mais procuradas, dignas até de prêmios como recompensa por existir. Tendo seu ego ultimamente bastante inflado, as recompensas agora se auto intitulam merecedoras de tudo, talvez perdendo um pouco do seu charme por estarem tão procuradas e umas parecidas com as outras, sempre parecendo ser alvo dos olhares, das lágrimas e dos sorrisos cheios de desejo. Até eu, simples escritor de beira de cama e papéis amassados, assumo no início deste texto minha leve queda por elas. Ou só por ela. Não que eu tenha uma só pra mim, porque se eu tivesse, claro que eu não gostaria de divulgar pra que outros pobres caçadores a tenham em sua mira.

Porque sabe, exceções são raras.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Papo furado sobre uma senhora idosa sentada em uma cadeira azul que fuma apenas charutos cubanos e só come Miojo.

Você, procura?

Corra, ganhe, acerte e chame.

Estaremos aqui...

Torcendo por você.
Sustentando a depressão que você nos presenteou.
E os medos que plantou.
Lembrando de todo aquele papo furado.
Correndo da insegurança que você nos apresentou.

E pedindo, por favor, pra que deixe de nos amar.

Pra que deixemos de te amar também.

Dias atuais.

Coisas que anotei na caixa de Rascunhos do celular.

- "Sem caneta, sem lápis."

- "Na Torá, o crime do homossexualismo é punido com morte por apedrejamento."

- "Esperei  algum tempo pra transcrever alguns pensamentos, pois como sempre ando meio bêbado de macumbeiros enquanto consulto umas skol's. Mas nem mesmo o mais rico dos artifícios consegue calar, o meu coração cantante, alegre e saltitante, por agora mostrar-se satisfeito por meio deste, que se enche de vigor toda vez que se pensa estar apenas a duas músicas de distância de você." -

- "Música foda: O título parece ser Togheter We Cry. E também aquela, sobre cuidar bem do seu amor."

- "Lembrar que o Sérgio Lopes cantando é super legal."

- "Ana amélia diz: XXXXXX conteúdo suprimido XXXXXX. "

sábado, 24 de abril de 2010

Estrela da noite.

Lágrimas.
Agora com toda essa nova distância é melhor pra enxergar os grandes e antigos pontos cegos. Muitos mesmo, que agora parecem a mais pura bobagem e sempre foram um mistério pra mim. Como toda aquela coisa sobre lençóis no lugar certo e aromas de perfume.

Sorrisos.
Só ainda não entendi aquela parte sobre nunca querer ter me conhecido.


Lander, Pete. 1998.

Ps.: Ficção é lenda.

quarta-feira, 31 de março de 2010

Subscrito.

A chuva não ajuda a lidar com o tédio. Dormir, parece ser uma opção cada vez mais atraente, mas eu preciso nesse exato momento convencer a mim mesmo de que sou fábula. A vontade aumenta, mas ainda bem que tenho alguns anjos que mesmo dormindo aconchegados feito nenéns no cobertor branco, pois sem eles eu seria só mais um rei desprotegido, um pão embolorado sem bolor, chuveiro sem água. Mais ou menos essas coisas.


E parece que todo mundo tão empolgado só aumenta essa decadente depressão.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Inevitável.

Não hesitei quando ela estendeu a mão. Nossos dedos se encaixaram tão perfeitamente, como se os 4 elementos finalmente estivessem juntos. Mas sempre tivemos a consciência que era só ela e eu, apesar de toda a magnitude disto. Impossível de tão bom. Hoje retomei a rotina, os ovos fritos ficaram bons como sempre ficam, o leite estava no ponto certo, pela hora exata que o tirei da geladeira. Está tudo no lugar. Repassei logo que acordei, toda aquela felicidade que senti antes. Isso parece desinteressante, então é preciso que se complemente certos fatos a toda essa rotineira solidão, porque, sabe, nem sempre foi assim. Vejamos então como se desenrolou.

O que se esperava? Quais reações seriam as certas para a ocasião?
A chuva caía forte, o vento que a acompanhava se faziam de açoite. Eu me sentia sendo chicoteado. Por um chicote de gelo. Encolhido, ri nervoso enquanto aproveitava algumas pedras achatadas e grandes que se faziam alheias ás milhões de poças que se formavam enquanto o temporal se desenrolava. Eu sabia que o sentimento de estar sentido chicoteado era puramente mental, por mais que fossem gotas decididas e fortes de água, jamais teriam a capacidade de me machucar. Nem se fossem bolas de fogo, ou de ferro. Saltando de pedra em pedra, deixei minha mente vagar como sempre enquanto ao mesmo tempo mantinha minha atenção ao caminho gentil e inusitado que eu percorria. Olhei a frente, buscando um fim pra rua que parecia nunca acabar. Ao lado do poste-que-passa-a-noite-toda-piscando, havia uma sombra. Meu primeiro reflexo foi rir, ao constatar que a forma saltava sobre as pedras com a mesma agilidade que eu, até com o mesmo jeito infantil com o qual eu escolhia a maior pedra. O riso dela ecoou e chegou até mim, assim com o meu foi até ela, eu presumo.
Com certeza era ela. Duvido muito que qualquer um, com uma visão extraordinária ou não, deixaria de ver o tom feminino da figura. Os cabelos longos se moviam junto como ondas, a cada movimento que a mesma fazia. Apesar da chuva, pareciam ostentar o mesmo peso e brilho até a altura dos ombros, acompanhando perfeitamente o comprimento pequeno de sua estrutura. A sombra mantinha o sorriso, e com a nova proximidade fui permitido admirar as covas nos cantos de sua boca. Um raio gigantesco fez tudo brilhar, esquecemos do atalho pelas pedras e corremos. Mesmo com o trovão estrondoso que o seguiu, não consegui conter os risos que faziam todo meu corpo chacoalhar. Nos abrigamos debaixo de uma cobertura de uma casa qualquer, ela e eu, rindo sem parar. O espaço pequeno fez meus braços roçarem, o perfume dela no ar fez meus dentes rangerem famintos. Fazia um bom tempo que eu não me alimentava.
Ela me abraçou com força, e arquejei surpreso.

- Me protege? - Sussurrou ela pra si mesma, incosciente da minha audição extraordinária.
 Mal sabia ela que já havia me disposto a fazê-lo até o fim dos meus dias.

sábado, 27 de março de 2010


Lados, lábios. Ser habitante e habitado.
Incompreendido, mal interpretado.
Só, só.
Cada gota, cada molécula.
Lágrimas, prazer, suor.
Suando, lacrimejando, sentindo.

O finalmente final pareceu tão triste. E nem um pouco hilário. O comediante, não riu por último. Tudo chacoalhou e balançou, há burburinhos. Nem tudo sempre precisou fazer tanto sentido como agora, enquanto todos observando. Nem tanto sentido assim. Sentindo assim.


Interpretar.
Sem precisar, sem ser blasé a cada riscada. Sem precisar ser.
Saber e ter um novo amanhã, um novo dia.
Inovar.
Bandeiras, dinheiro, regras.
Até o sistema se quebra algum dia.
Acordar.
O diferente, não é mais diferente. É apenas igual.
E os poços de antes lágrimas, agora lembranças.


A chuva afinal não lavou só a alma.
E suando, soltando e quebrando...
Vivemos...
Em tempos...
De loucos.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Deixe que sim, pois, não, a realidade sim me irrita.
Brotou sem saber porque, sem ter pra que, ausente de licença. Se instalou como doença, revigorou e chamou pra dançar, cheia de teias e coisas pra contar. Se cegou de lacres seguros, datas de validade e toda essa trivialidade.


"É lindo, esse feitio todo. Compactação."
"Você, de volta."


Tudo o que pensei era lenda, mito. O verdadeiro eu estava atrás do espelho sorrindo ao meu achar de defeitos.
Ultimamente era apenas o que estava a se reservar a viver. Precisar, ter e cogitar resistir era poder se enxergar ou passar por algo parecido a ter e amar. Uma faxina interior talvez não caísse tão mal quanto merecer as pequenas atitudes contra o pior inimigo enfestado de joio e trigo. Nós mesmos.


Canapés e uma banana.

sábado, 20 de março de 2010

E finalmente, finalmente...

A realidade consumiu tudo o que restava. Lembranças, abraços e sorrisos simplesmente se lavaram com toda aquela enxurrada de sábado. Muito diferente dela, a castidade implorou por misericórdia, mas não houve.

Espelho, espelho meu... Existe alguém?


Os dedos calejados praticamente gritavam socorro, mas bravamente sustentaram tudo o que teriam que sustentar. Afinal, porque se daria o luxo de escolher enquanto todos apenas gritavam para que o mal se desfizesse? Bem, bem, quem se daria o luxo de questionar? Atrevidamente, assumiu seu posto na cadeira de prata e se deu por tímida. "Renda-se!" Gritavam. Apenas eram respondidos com aquele sorriso que refletia o sol da esperança e paciência. Teria tudo aquilo um fim, no meio do ciclo? Espiaram pelas frestas, bestas cheias de testas prontas pra que os olhos se abrissem.

Mundos encantados, pra que a dor se espalhe tênue...
Salvem os viciados!

quinta-feira, 18 de março de 2010

Sou eu, assim.

Eu realmente não deveria...

Sério, ninguém nunca te disse que a vida é injusta?

Não estar dentro dos padrões...
Eu preferia mesmo, estar nu de mim. Estaria bem, lidaria bem com tudo isso, se todas as cores não se concentrassem num ponto só, todo o sentido não se fizesse nesse ponto só, se toda minha vida não girasse ao redor desse ponto só... O centro do universo, nesse ponto, e só.

Eu aceitaria tudo isso, multiplicado mil vezes, e agradeceria.

Que tira toda minha alegria de descansar em casa. Que quando os dentes se mostram vivos, meu peito bate forte e meus planos todos vão por água abaixo. E fica tão difícil pensar. E sempre se torna tudo tão frágil, eu me torno vidro quebradiço, e em uma das suas mãos está uma salada de frutas, e na outra o martelo que sempre causa minha destruição... Você me estende o morango, porque sabe que gosto dele. E mesmo que doa tanto, tanto, me vem ás vezes na cabeça em fazer promessas, em ser um ser humano melhor.

Não consegue ver que por mais que eu diga que não vou... Eu já mudei por você?

Sim, eu não seria tão triste assim. Mas a hora de ir, parece sempre... Alcançável. Já experimentei, sabemos o quanto é fácil se perder por todas aquelas ruas que realmente, realmente são tão familiares... O quanto é fácil se perder lá. Aí. Aqui. Ou simplesmente perto, é tão fácil ser você mesmo, com os olhos tão perto...

E a solidão é o meu pior castigo...

E eu conto as horas pra poder te ver.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Explicativo.

Este blog não está de acordo com a reforma ortográfica.
Quem tiver alguma reclamação, por favor:

http://www.orkut.com.br/Main#Profile?uid=16798036391417125710

Expletivo.

Não quero mais nem pensar, muito menos achar que é assim.
E se for mudar, se tem que mudar, que droga, que mude! Ninguém é tão voluntário assim, e diamantes não são para sempre. O pra sempre sempre acaba, né Cássia? Acordei de manhã hoje pensando sobre como o planeta terra foi formado, constelações e toda a extensão do universo? Não! Eu acordei com um sono do capeta, fui me arrastando até o banheiro e tomei meu banho, escovei os dentes, voltei pro quarto, me arrumei, e saí de casa porque? Por um motivo! Vou ser hipócrita de dizer que fui pra escola estudar? Não! Porque? Porque não, ora bosta! Nem tudo tem sempre que ser tão explicadinho, Teorema de pitágoras e Teoria do estreito de Bering. As coisas acontecem por motivos, FIM! Não seria tudo tão lindo se o professor de matemática estrábico (Igual a Jéssica, rs.) explicasse só até a parte da fração, adição e subtração? Quem não ficaria feliz com isso? Todo mundo, menos os hipócritas! Porque? Porque sim, ora bolas! Porque o céu é azul? Eu sei lá! Porque ficar expondo meus pensamentos complicados em textos difíceis se as pessoas vão ler e dizer "Ahn.. voce escreve bem ein!" Caramba, todas as pessoas alfabetizadas tem a capacidade de escrever bem! Eu não vou mais colocar meus pensamentos pra que alguém tente entender, eu vou simplesmente escrever as merdas que os bundões viciados em internet lêem enquanto comem doritos e tomam nescau? NÃÃÃÃÃÃO? Porque?


PORQUE NÃO, CARAMBA.

Ps.: Elogios são sempre bem vindos.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

E só.

Os dedos estavam suados, mas ela tinha certeza que ele jamais abriria mão dos dedos dela. Não tão cedo.
Eram livres, vivos e castos.
- Tem certeza?
- Sim. - Hesitante, mesmo assim. Disse. Pigarreou e finalmente a olhou, bem nos olhos. Imediatamente se lembrou os "porquês" de seu sim e sorrio aliviado.
O sorriso dele tremeu suas vértebras, vontade de gritar. O sim dele, saiu das entrelinhas e a dominou por completo.
Olharam suas mãos juntas e o mundo inteiro evaporou. Só conseguiam ver um ao outro. E era bom.
O indicador dela se sobrepôs ao dele. As células começaram uma dança estranha, se unindo. Era uma metamorfose de dois. Sentiram o novo corpo ao terminar a fusão. No novo corpo, havia lágrimas pra uma eternidade inteira, e sorrisos também. Tinham a força de um exército, pois estavam juntos. Tinham belos cabelos, belas unhas.
Pisaram na areia com os novos pés, sentindo os dedos afundarem na mesma, bem devagar. A terra os deu boas vindas, seguido de um resmungo manhoso com o peso dos dois. O sol se escondeu encabulado atrás da montanha que sorria. As plantas dançaram ula-ula toda oferecidas, o vento ás fazendo cócegas. Nada mais fazia sentido, nem precisava fazer.

Eram apenas ele e ela. Castos e nus.
O mundo era resto.
Toc, toc, toc. Foram decididas, batidas fortes. Fortes o suficiente pra que eu me levantasse do sofá de súbito, me apoiando apelas pelas mãos, e decidida o bastante pra fazer minha coluna e costas se arrepiarem de temor. Prestei atenção. Havia uma respiração nervosa atrás da madeira da grande porta da sala, e ela era inquietantemente sincronizada à minha. Acelerada, perdendo o compasso.
Meus nervos dispararam, alertos. Minhas pernas, meus dedos, cada pedaço do meu corpo vibrava de curiosidade pelo visitante inesperado. Atordoante. Era algo que nem tentei conter, tão natural como minha respiraçãoa alterada, tão inevitável quanto meu coração batendo em meu peito. A vibração em meu corpo pareceu me preencher por completo, irradiando por meu corpo, acentuando as cores dos móveis, deixando os cheiros mais precisos e distinguíveis. Meus dedos se apertaram no sofá enquanto meu corpo deliberava em ir até a porta e abrí-la. A ponta da minha pele sentiu as costuras do sofá, imaginei em minha cabeça a forma como milhões de fios se uniam pra compor o móvel, a costura, senti as cores da renda em meus dedos.
E natural como viver e inevitável como partir, me levantei apressado e dei uma corrida ágil até a grande porta. Girei a maçaneta apressado e a abri. Com a porta aberta, ali estava a Vida. Eu sabia que teria que percorrê-la pra encontrar quem havia batido na porta, quem havia me chamado.
Era um caminho comum, havia uma vegetação ao redor do mesmo. Uma trilha, era o que era. A trilha parecia fazer meus pés se moverem, e quando vi estava no meio da mesma. Logo a frente era tudo embaçado, o caminho ia aparecendo à medida que eu caminhava. Era estranho, mas socos me atingiam no rosto várias e repetidas vezes. Ás vezes os golpes fulminantes me davam uma absurda vontade de chorar e de rir, e eu os executava sem mesmo pensar antes. Eu não precisava respirar.
Podiam ter sido dias, horas, meses. Mas foram anos, anos andando. Muito tempo. Mesmo com a parte do choro e dor, me senti em êxtase ao fim do caminho. Não havia mais o que percorrer, e eu estava tão pleno que faria Rapell sem os equipamentos, me jogaria nas cataratas do Iguaçú ou bem ali mesmo na Ponte da amizade.
No fim do caminho havia um grande espelho, e de dentro dele, eu saí. Eu me cumprimentei meio aflito, era a primeira e única vez que isso acontece/aconteceu/aconteceria. Sorri a mim mesmo, pois afim sabia que havia encontrado quem havia batido na minha porta. Me dei as mãos e meus pensamentos, meus olhos e minhas células pareceram finalmente se sentir em casa. Com um último suspiro, disse.
- Vem.

E então eu fui.