sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Just tonight.

Não, você não é. - Responde o espelho.
Caio de joelhos.
Sem paz.
Sem fé.
Nessas ultimas semanas, eu tenho tentado. Arduamente. Mas, de certa forma, é como se eu não estivesse vivendo a minha vida. A minha vida...
Vi em algum lugar, que os deuses se alimentam da devoção. Talvez a morte se alimente do medo. E eu me alimente dos meus próprios sentimentos. Não que eu esteja tentando me comparar as divindades. Definitivamente, longe de mim.
Me sugo, me rasgo, choro. Eu creio em mim mesmo, mas de repente eu simplesmente estou bem por não crer mais. Por não amar mais. Por não me ter mais. Seria bom, por alguns instantes, mais uma vez, não me ter mais.
Eu preciso de um vidrinho que me faça crescer, eu preciso ser forte o suficiente pra não chorar pela falsidade. Eu vou andando e meus pés vão afundando no chão, até ficar apenas com a cabeça de fora. Ela não é absorvida pelo chão e mesmo quando eu tenho todo o oxigênio do mundo a minha disposição, me sinto sufocado. Mas eu sou o chão. Eu sempre fui. Então, como me alimento de mim, tento me suicidar. Uma reação instintiva. Sufoco-me. E mesmo sem me olhar nos olhos, o reflexo é o mesmo. O mundo ao meu redor gira, eu eu estou parado. Eu queria... Eu quero. Mas isso não é mais importante.

Eu bem que gostaria de morrer, mesmo que em mim. Porque morrer é fácil.

Viver, é que é difícil.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010


Eu não vou perceber se você mudar as letras de lugar. Essa língua da madrugada, do escuro e do frio me é estranha, pois venho do Norte. Venho do forte, que geralmente incendeia teu coração. Queima teu pulmão. E muda toda tua visão, como fumaça. Escassa, que desliza por entre as frestas. As festas, que fazes quando me vê. E crê, que não percebo esse teu andar. Mas olhar, pra mim não é suficiente mais. Então, eu não vou perceber se você mudar as letras de lugar. Toda essa tua história, já me é familiar.

Pra que me manipule como quiser.

Eu tinha. E perdi.
Eu lutei. Mas desisti.
Me senti completamente inúltil.

Então cantei.

Pra você sorrir.
Pra me distrair.
E talvez não mude nada.
Mas tentar só me custa alguns segundos.
Alguns segundos de vida.

Eu era. E consegui.
Então fiz. E reparti.
Não senti nada meio fútil.
O mundo gira meio...

Então eu canto.

Alguns segundos de tinta.
Pra mudar essa cor. Essa triste cor.
Que acompanha meu respirar.

Meu cantar.

Então, eu grito.

Pra você sorrir.
Pra me distrair.
E talvez não mude nada.
Mas tentar só me custa algumas vidas.
Algumas vidas de segundo.

E eu queria, então tinha.

Odeio escrever com caneta azul.
Porque sentir sua falta é como queimar o brigadeiro.
E eu não tenho tempo.
De sorrir com os olhos.

Porque amar loucamente, é gritar só.
E ouvir seu eco, em outra alma.

Bella.

- Tá, calma. Espera. Ok. Chega. Tô morto. - Deixei sair entre bufos enquanto buscava o ar, com dificuldade. Caí sentado no chão, sentindo minhas pernas meio trêmulas. Ela se aproximou, também ofegante, e se aninhou ao meu lado como de costume.
Sempre achei meio estranho o fato dela sempre me encarar e virar levemente o rosto de lado quando ouvia a minha voz, o que quer que estivesse falando. Seja brigando e gritando, pelo fato dela não poder ver uma roupa estendida no varal e sair pulando e puxando, para rasgar, babar e morder depois. Até mesmo quando eu sussurrava baixinho alguma coisa, distraído, enquanto escrevia sentado na pia, ela me olhava curioso. Aquele olhar... Era como se ela tentasse entender algo. Me entender, no caso. Ela só ficava longe de mim, quando eu chorava. Não sei bem o que acontecia, mas parecia que ela ficava fingindo que não me via. Dava umas voltas, cheirava o chão... E só quando eu realmente enxugava meu rosto e sorria por ser tão bobo (eu quase sempre abro um grande sorriso depois de chorar bastante) que ela se aproximava, ainda meio desconfiada e lambia minha orelha, ou meu pé, ou minha mão.
Eu geralmente tinha as tardes livres, mas eu não sei exatamente porque, eu passei exatamente essa tarde toda brincando com ela. Corríamos pela casa, eu jogava coisas pra ela pegar, (ela nunca trazia de volta, só cheirava e vinha novamente pra perto de mim) e eu ficava rindo dela tentando pegar o próprio rabo. Depois de brincarmos bastante, ficamos ali sentados, sentindo a brisa, em silêncio. Levei minha mão até a orelha dela e a cocei, e como uma carente de carteirinha que era,(temos isso em comum) ela se derreteu toda, se esparramando no chão. Suspirei, lamentando a hora de ter que entrar e me ergui, me direcionando ao portão. Como sempre, ela saiu em disparada em minha frente, trombando em minhas pernas pra me esperar bem ao lado da grade. Ela sempre tinha essa vã esperança de que eu a deixaria entrar.
- Amanhã a gente brinca de novo bebê. Vai dormir. - Disse, enquanto fechava o portão. E ela virou o rosto de lado e me encarou, como sempre, com seus gigantes olhos cor de mel. Latiu pra mim e saiu correndo, pra se juntar ao resto da gangue. E eu, fui pro meu quarto.

Sem saber que não haveria como brincarmos amanhã.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Burning.

O problema nunca foi querer, e sim a quantidade de desejo.Eu tinha algumas coisas a resolver. Eu precisava consultar alguns motivos. Mas eu não conseguia. 

Não com a sua pele tão perto da minha.

domingo, 7 de novembro de 2010

Nem por razão, ou coisa outra qualquer.

Eu guardei alguns planos pra mais tarde.
Sem saber que ficaria tarde demais.
O sol, fugindo, transformou o céu em laranja. E eu sorri.

Não tinha mais nada a se fazer.
Se eu falasse, poderia me contradizer.
E não iríamos querer isso.

Os motivos me embaçavam.
O suficiente pra arrancar minha fé.
O suficiente pra não me manter mais de pé.

E aí, eu me rendi.
Geralmente era preciso mais do que só um abraço pra isso.
Mas dessa vez era diferente.

Apenas saltei e olhei pra cima.
Não era mais laranja, era o puro preto.
O tempo também sabia. E eu sorri.

Não havia mais porque esconder.

"Ninguém parte o meu coração!" Eu gritei.

A terra me acolheu quando caí. Não parecia nem o chão.
Parecia que eu estava aterrisando em um travesseiro de plumas.
Mas eu sabia que era tudo coisa da minha cabeça.
A partir dali, não haveria mais dor.

Não há como partir meu coração.
Ele já foi partido. A muito, muito tempo atrás.

"To all of you who've wronged me...
I am... I am...

A zombie."

I knew.

Já havia aprendido minha lição. Havia pago todas as minhas dívidas.
E mesmo assim, tudo parecia sempre bom demais pra ser verdade.
Eu fechava meus olhos, mas a pergunta sempre vinha.
É ou não é real?

Tenho certeza.
Dos sentimentos, calafrios e arrepios.
Mas porque você parece não ter idéia do que significa me ter?
Espero que a realidade não lhe seja tão suja. (Ninguém suportou a idéia até agora).

Porque ela continua a dançar pra lá e pra cá.
Da minha cama até a nossa.
E cada um escolhe pra onde ir. Sempre escolhe.
Talvez por isso só eu fique me lamentando aqui. Pelas escolhas.

A fraqueza sempre me mantém só.
Porque eu nunca me importei com ela.
Eu nunca quis saber.
Se era real ou não.