sábado, 24 de julho de 2010

Miserable at best.

"Depois, parecemos dois estranhos..."

Franzi o cenho, sem reconhecer esse seu novo sorriso. Teus dedos tentaram acariciar meu rosto, e foram ásperos. Você me olhou como se tentasse me acalmar, como se me entendesse, mas na aproximação, na faísca, no fogo... Tu me afastou como se não me reconhecesse também. Me encolho em mim. Minha mente, oca. Sobre meus ombros, estão as dúvidas. Sobre meu peito, pesa a responsabilidade.


"O que eu deveria fazer agora, quando o sentido se perde como..."

Dei uns passos pro lado, em minha cabeça eu via cenas de fuga de alguns filmes famosos. Eu sorri sozinho. Senti uma pontada forte no meu peito, quando percebo a forma que você me olha. A imagem de teu rosto em mim tremeu, fazendo meus olhos arderem. Eu não me reconheci no reflexo do teu olhar.

E agora, com as mãos distantes, voltamos a civilização.

Volto a me sentir frio.
Volto a me sentir eu.
Volto a me sentir visto.
Volto a me sentir.

Um dia qualquer de julho, 2010.

Acordei cansado, porém pensando. Sabe, eu nunca tive uma infância direita. Ou correta, ou padrão, como quer que você queira chamar. Eu não tive de onde tirar os exemplos certos, eu não tive base. Não estou desmerecendo a educação que recebi, menos ainda as pessoas que tive ao meu redor durante esse período. Mas, olhando como um todo, talvez seja esse o motivo, para que as coisas não funcionem da forma certa comigo. Ou da forma correta, ou da forma padrão. Nem o amor... Nem a dor. Talvez por isso, eu sempre esteja usando o "nunca" quando vou contar ou registrar algo que senti, sinto, sentirei. Eu até então não tinha reparado nessa mania sórdida, mas após ser alertado sobre isso (Obrigado, Ingra.) vi que realmente era verdade: Eu estava sempre me sentindo... como eu nunca havia me sentido em toda minha existência. Não importava se era um sentimento bom ou ruim, era sempre intenso. Então, eu acho que eu sou intenso. E, sabe, talvez isso não seja uma coisa da qual eu possa me orgulhar.

Sempre que tento me mudar ou penso sobre isso, me percebo horrorizado logo em seguida. Porque diabos eu me mudaria?

Eu nunca havia conhecido alguém como eu...
...E não sei se isso é uma coisa da qual eu possa me orgulhar.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Is my drug.

Se tanto fizer pra você... Tanto faz pra mim também.
Me livro da luta, estou sem armas.
Deixei as táticas de batalha em casa: no caderno.
Sento em minha cama e desando a escrever: de novo.

Sobre você.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Sutilmente, sob o mesmos panos sujos.

Claro que eu iria sobreviver: Não tenho uma grande lista de episódios infelizes em minha vida, porém, os poucos que tive foram vilões o suficiente para que eu aprendesse muito sobre recomposição.
E aí a vida passa...
Os dias vem e voltam...
E quando finalmente lembramos de como se olhar no espelho... Nosso reflexo some.

Você luta.
Eu luto.

A diferença é: Não sei como luto.
Se suporto.
Se aguento.

Só sei que no final, eu vou sobreviver.
É claro que vou.

Botões de carne e osso.

Eu achava que estava preparado.

De acordo com experiências anteriores (parece até ridículo, hilário e absolutamente desnecessária essa comparação, agora) seria como o golpe de um taco de beisebol nos testículos. "Ou mais doloroso que isso", pensei.

Eu sabia que ia doer.

Só não saberia que doeria como a morte.

Pois doeu. Doeu, e depois doeu mais. Doeu, como se eu morresse mil vezes seguidas. Eu não sabia que eu tentaria morrer pela milésima uma vez quando "passasse". Eu achava que me sentiria bem, melhor, ou até tão incrivelmente bem como nunca cheguei a estar. Pequei nesse ponto.
Eu não sabia que cada segundo de minhas mortes seria como duas eternidades somadas, no inferno, queimando.
Eu não sabia.
Eu idealizava uma dor ridícula entre as minhas pernas, causada por um objeto humano e cheio de peso. Então, eu senti a pontada quente no peito que ultrapassou qualquer mísero conceito de dor que eu já havia registrado em minha breve existência, morrendo finalmente pela milésima segunda vez.

Chorar? Claro que eu iria chorar.
Mas não havia imaginado, de forma alguma que perderia meu já duvidoso "apetite", que sentaria em uma calçada suja ao meio dia pra tentar pensar em outra coisa a não ser chorar e derramaria lágrimas por horas seguidas, sussurrando um nome.

Mas... Quando me dei conta de que seria realmente o fim de tudo, quando a dor parecia não poder crescer mais: Tudo mudou.

Estiquei meus lábios em um sorriso.
Experimentei a nova sensação, em êxtase.
Sorri, bebi, dancei, cantei.
E com a cabeça erguida...
                                                                                                                                   
                                                         ...Eu morri pela milésima terceira vez.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Meio que uma história.

Era uma vez.
Era duas vezes.
Era três vezes.

De repente, eram tantas vezes, que nem eram mais. Estavam todos preocupados, os nervos á pele da flor. Mas apesar de tudo, tudo muito chique. Caviar, coxa de frango.

Maria não ligava pra essas coisas, seu olhar estava no moço de paletó roxo, ao lado da fonte de anjos que soltavam água pelas narinas.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Annaliese.

Correu, correndo. As pernas finas batendo contra as folhas de outono. A floresta parava para ver o vestido preto flutuar, nada parecido com mais uma sombra á noite: A pele da dama embaixo do pano cintilava, como mil diamantes á luz do luar. E a floresta virava os olhos, observando sua mais nova moradora, mesmo que provisória.

Dessas vezes.

Que me sinto acuado.
Obrigado a pensar.
Obrigado a sentir.
Tentado a escolher. - Eu amo.

E faço tudo novo, me lembro de mim e aqueço.
Perco.

Horas bagunçadas.

Te escrevo.

PARA QUE FIQUE!

I'v got no time for feeling sorry.

Havia mais de 79 caminhos, eu contei.
Tomar minhas próprias decisões parecia arriscado agora. Talvez, nessas jornadas, eu realmente me perdesse e isso definitivamente parecia uma escolha difícil. Entre os 51 caminhos, havia um que se destacava, um que era fácil. Eu me via dando passos leves pra dentro dele, sentindo o cheiro de lavanda das flores na beira da estada de pedras, muito bem feita, por sinal. Era fácil respirar naquele caminho, então decidi chamá-lo de caminho número 1. Parecia um bom nome. Dentro dele, senti gosto de geléia, sorvete, bolachas, lasanha e coca-cola. Me senti acolhido pelo ar dali, era fácil respirar e andar, eu poderia andar kilômetros por ali e me sentir satisfeito, parando pra descansar em uma das grandes pedras que ficavam nas bordas. Eu sabia que aquele caminho era o certo a seguir, era o meu destino, entre todos os 27, ele era o meu. Era fácil, e eu seria feliz durante ele todo. Saber exatamente o que aconteceria, tornou a felicidade que o caminho número 1 podia me oferecer... Fácil demais. Fiquei enjoado e passei a fitar os 17 caminhos, todos eles alinhados, esperando minha decisão.

Tinha uma caverna... meio turva, não conseguia ver direito o que era. Uma grande sombra, porém leve, cor de fumaça, pairava sobre a mesma, impedindo minha visão. Lá de dentro saía um cheiro pesado de ervas e inceso, o que aguçou meus sentidos. Também registrei um perfume muito familiar, como se eu tivesse respirado esse mesmo cheiro por anos, o memorizando, e por alguma razão ele parecia ter um tom diferente, um tom azul. Era tudo muito confuso e minha cabeça começou a girar. Tentei me sentar, mas não consegui, fiquei apenas ali, olhando. E no intervalo de meses, quase um ano, me vi observando aquela caverna, como se esperasse minha vez. No milésimo dia, pensei em ter visto um coelho azul sair correndo dali, mas apenas tive tempo de registrar o cheiro, também azul, ficando mais forte. No milésimo terceiro dia, meus pés se moveram em direção a caverna: Não era minha mente que pensava, não era meus pensamentos que pediam. Era meu corpo, que precisava.

Suspirei aliviado, por não precisar tomar decisões difíceis por algum tempo. Os 5 caminhos que restaram não se moveram, apenas esperaram.