segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Finje daí que eu finjo daqui.

E aí, quando você finje. Parece que finje tão bem, que repete, fala de novo, aumenta os fatos, torna pior.. Porque, é claro que você faz isso tudo sem querer. Você não faria de propósito. Eu sei que não. Eu respondo com um enorme sorriso, ou alguns pequenos meio descompassados, pra demonstrar que não ligo. Não ligo, porque ligaria? Eu não devia estar desviando sentimentos dessa forma, eu não devia sentir essa vontade louca de chorar, eu não devia estar escrevendo aqui, dessa maneira, sobre você, nesse sentido. Nesse sentido que te quero.

Porque eu preciso que continuemos a finjir, até eu te ter perto o suficiente pra que não possa fugir.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

?

O grito sobe e desce, decidindo se explora ou não o ar denso que o convida de fora da garganta dela. E então o sorriso se espalha. Pronto. Destemido. Alterado. Alterando. O beijo da amada aquece todos os ossos e lhes mostra vida, lhe casta a vinda, lhes deixa em pedaços. Mais coisas a colher, do chão já sujo da cidade, cheio de folhas e virgindade. Arrancada de quatro ou uma divindade.

De mãos dadas saem cantando, como se nada tivesse acontecido, sufocando mais um beijo adormecido, que a cidade colhe, escolhe, tece e envolve em seus fios de entranhas, piranhas e histórias. Memórias.

Coisas pra contar, de um bêbado ou dois, de onde vivo e moro, mordo e exploro, adoro. Desde que me vim ao sim, de Pequim ou até mesmo de uma estada em um jardim.

Subentendido.

Mas mesmo assim você não vai saber nunca.
Ainda assim nunca vai perceber que tudo gira quando você está perto.
Tudo bem, eu confesso ser meio fraco, mas não vou esperar mais.
Haja amor para aguentar a dor que você me causa.
Estar nas sombras dos outros é meio normal...
Um ou dois minutos (ou anos) a mais, não vai fazer muito diferença.
Sim, eu sei lidar comigo mesmo, mas não pra sempre.

Trancado atrás de uma porta pela qual o tempo não tem permissão de passar.

Mísseis teleguiados são mandados na minha direção. Rolo pela terra que separa as trincheiras, apesar do sono. Preciso estar acordado todo tempo, afinal é uma guerra. Apesar de na maioria das vezes eu não saber o que fazer.

Me conforta ter uma constelação inteira bem na minha janela.


Meu coração se aquieta, acelera, aquieta, acelera, até explodir de vez. Cada pedaço do mesmo é presenteado em fitinhas azuis para todos os seres que ajudaram na missão de partí-lo. Com ele fora de meu peito, não sei se venci ou se perdi. Talvez eu tenha perdido, ouvi dizer que em uma guerra não há vencedores. Mas também ouvi dizer que não há perdedores, então tudo fica escuro. A fumaça deixada pelos tanques me altera, se misturando a poeira de todos os outros soldados que rolaram pela terra que separa as trincheiras...

Me conforta estar sentado no chão, chorando sozinho, livre, sem restrições.

Olho ao redor e percebo ser um dos poucos sobreviventes. Mesmo sem coração, me encho de orgulho e me sinto como um rei. Até sinto o peso da coroa, a responsabilidade sobre mim de levar a todos os terríveis acontecimentos deste lugar... Isso, se alguém quiser saber. Me imagino a dois anos atrás, em pé na minha cama gritando e descobrindo meu próprio eu selvagem, pensando em como colocá-lo em prática. Agora, me coloco no canto, enfrentando a dor.

Com um caderno em minha mão, me nomeio quem eu quiser. Isso é bom.

Risadas explodem do outro lado do campo. Meio nervoso, percebo que talvez não haja mesmo ganhadores, nem perdedores. Percebo que isso tudo, talvez, não passe de uma grande de piada e por algum motivo de força maior, começo a sorrir junto. Mas não sorrio pouco, eu dou risadas, eu estremeço, sinto lágrimas de felicidade caírem do meu rosto sujo, como uma criança boba brincando na lama.

Confuso eu ouço gritos, urros de vitória. Com uma bala bem no meio da testa, um camarada meu me abre um sorriso sincero. Mas não é apenas um sorriso sincero, ele transbordava vitória em cada dente que se mostrava exposto. Me desmontei, adulto, sofrido, cansado e completamente em prantos como estava.

Um tiro em meu peito me acorda daquele sonho, me mostrando que o que eu gostava mesmo era de sorvete e que na verdade... Eu continuava sendo uma criança boba na lama.

Aqui jaz, Mark Elfric Defoe.

Não era exatamente amado. Na verdade não como queria. Na verdade, tudo o que queria era não se conhecer tão bem, não saber que quanto mais quer algo, menos pretende manter quando consegue. Então, ele estava ali, por se conhecer, por ser fraco e por amor. Café pela manhã e sorvete durante todo o resto do dia, lhe eram indispensáveis. Sua casa andava meio bagunçada como sempre, assim como sua mente. Costumava expor tudo antigamente, mas aí vinheram os russos... E tudo continuou a mesma coisa de sempre: Expondo. Até nada, quando nada era o que lhe passava pela mente.

Um dia desses o observei se espreguiçar em frente á sua enorme janela de vidro. A faxina matinal, afinal, havia se prolongado até o sol se pôr. E lá estava ele, cansado de sua rotina vazia, das visitas inesperadas e das ausências que ele tanto desejava. Seu olhar triste atravessou o vidro e chegou até mim, que fui tomado por sua sensação de dever cumprido, seguido de um vazio imenso que o futuro lhe destinava. Percebi que logo ele iria chorar, então me adiantei pra começar eu mesmo a chorar por ele. Ás vezes penso em contá-lo, que ele não está tão sozinho aqui. Que o observo dia e noite e até lhe aconselho. Mas por muitos motivos diferentes, não posso fazê-lo.

Era divertido ver como ele agia como uma criança a algum tempo atrás, rindo bem alto dos seriados que passavam de madrugada do sbt. Ás vezes ele tem alguns lampejos dessa já passada felicidade, como ontem, quando ele se ajoelhou entre gargalhadas pra apanhar os cacos do vaso de vidro que sua mãe lhe trouxe da Romênia. Eu percebia ele se olhando nos reflexos dos caros cacos de vidro, seus olhos azuis turquesa gritando "Quem sou eu?". O momento de alegria se foi, mas apenas por alguns instantes, quando a campanhia tocou. Cada célula do meu corpo escutou a resposta muda que ele se deu, quando seu sorriso voltou a se abrir. Eu sabia o que ele havia se auto-respondido.

"Eu sou o Mark, ora bolas."

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Rindo.

Vejo que tive esperanças.
Que fiz planos.
Que amei.

Vejo que escrevi muita coisa.
Que li muita coisa.
Que cantei.

Vejo que comecei sorrindo.
Que sabia do futuro.
Que não me arrependo.

Mas de que adianta, se tive, fiz, amei, escrevi, li, cantei, comecei, soube e não me arrependi, se tudo isso o que fiz, fiz sozinho?

sábado, 14 de agosto de 2010

Essa não é uma bela história.

          Volto novamente pra aquela noite, na verdade, sou transportado pra lá. Isso sempre acontece quando o sol se põe. Minha Laurie está lá. No entardecer. Seu corpo cheio de vida, atlético até para uma menina de 9 anos, dispara pelo quintal em meio segundo, seus lábios e dentes quase sempre repuxados e expostos.. A sorrir. Essa era minha Laurie. Observo uma carcaça cheia de sangue ser trazida à minha memória, sem vida, um corpo sendo colocado sobre a calçada... Reconheço os cachos dourados sendo puxados pelos paramédicos, puxando minha nenén feito a carcaça de um cachorro, a levando pra aquele carro fúnebre, tirando-a de mim...
         
          Mas hoje, agora, nesse momento, eu posso chorar.

          O sorriso que aparece em meus lábios e reflete na vitrine da loja de espelhos, me é completamente estranho, molhado e envolvido por minhas lágrimas. Ainda voltando no tempo, o espelho reflete ao meu lado o sorriso puro, inocente e desdentado de Laurie. Vejo minha anjinha correndo pela casa com seus cachos, alinhados, caindo na altura dos ombros... O que me assusta, me alerta, como minha anjinha está crescendo.. Estava, crescendo.

          Me ergo dali, feliz.

          Minha justiça foi feita. O bicho-papão está morto, meu anjinho. Sem medo de deixar provas, pouso minha arma no rosto do lixo, nas rugas do terror. Estou pleno e estando assim, não me contenho e continuo a chorar e rir. Minha justiça foi feita.

L.

Entre lágrimas eu escrevo aqui.
Meio trêmulo.
E nesse exato momento.

A alguns segundos atrás.

Você disse que me ama. E eu vou guardar isso, pra sempre.

Untitled.

O reflexo de sempre estava lá. Ele sorriu. Ele tinha nome, sobrenome, família, história. Eu era só mais um, então, devolvi pra ele uma lágrima minha em troca do seu sorriso, quase desistindo completamente de mim. Eu sabia que não havia mais como lutar, e ele tinha uma vida inteira pra viver. Minha vida.
Sem saber direito como fazer isso, eu simplesmente fechei meus olhos e inspirei o ar com todas as minhas forças. A mágica aconteceu como eu previ. Eu me tornei meu reflexo, agora eternamente com meus olhos marejados e meu estômago apertado. Eu estava no espelho.
Suspirei, abrindo em seguida um sorriso quando o ar de meu hálito se condensou contra o espelho e o embaçou levemente. Eu não estava tão morto afinal.

Mas ele estava, bastante.

Caído ao chão, mergulhado em uma piscina de vermelho vivo. Sangue. Meu sangue. Não me surpreendi... Só dei as costas para meu antigo eu, comtemplando agora o infinito. Comecei a dar alguns passos, sentindo-me renovado. Eu não estava surpreso.

Nem todos aguentariam o peso de ser eu.

Torto.

Meio que está no meu subconsciente, essas coisas todas que faço pra te agradar.
Talvez seja meio absurdo, que eu tente te fazer me amar.
Isso deveria acontecer naturalmente. Não?
Tudo era pra ser mais padrão.
Mas eu saí da linha pra chamar sua atenção. Sem intenção.

"Eu sei que você não gosta de mim, mas deixa eu te olhar mesmo assim."

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

"Meu coração, vai te mostrar."

Tenho medo nos olhos.
Não tenho lugar pra ir.
Guardo lembranças em caixas.
E meus medos bem ao lado delas.


          Não tenho mais a minha vida de antes.
             Agradeço por estar vivo, trilho.
                  Espero os degraus descerem.




Quero me agarrar a felicidade que sua lembrança me traz.                                 

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Lá.


Aqui, onde estão os desamparados. Onde vem as crianças de roupas limpas, reclamar sobre os pais que não lhes dão a devida atenção. Aqui, onde os depressivos se encontram e trocam experiências póstumas, relatos de todas suas mortes. Aqui onde os carentes encontram abraços, onde os fracos encontram braços fortes pra sustentar seus medos mais profundos. Aqui onde os vaidosos vestem corpos diferentes todos os santos dias, procurando atribuições físicas que lhes falta. Aqui onde estão os loucos, aqui onde se encontra todo tipo de gente, doente, crente, carente. Onde se sente dor, onde se sente amor, onde se procura por distrações, uma fissura brilhante na parede do tédio.

Aqui, onde eu me encontro.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

BECAUSE!

A girl like you is impossible to find.

You're impossible to find.

Fragilidade.

Vive doendo, e não sei até quando vai continuar assim... É como viver anestesiado. É como nunca tomar o caminho certo.
Tenho medo, mas nem sempre ele me rege.
E, se todos nos fizéssemos mais humanos, não haveria sequer uma pedra quebrando.
E destruindo.
Deixando em pedaços. Cacos.

Lindos tetos de vidro.

Egoísmo.

Pra não ficar repetindo o tempo todo: Não quero.
Ás vezes me satisfaço com meu próprio sangue.
Importa-te?

Teu prazer depende do meu. (Importo-me?)
Afinal o espelho é pra quem quer.
Espelhos são para fracos.