sábado, 14 de agosto de 2010

Untitled.

O reflexo de sempre estava lá. Ele sorriu. Ele tinha nome, sobrenome, família, história. Eu era só mais um, então, devolvi pra ele uma lágrima minha em troca do seu sorriso, quase desistindo completamente de mim. Eu sabia que não havia mais como lutar, e ele tinha uma vida inteira pra viver. Minha vida.
Sem saber direito como fazer isso, eu simplesmente fechei meus olhos e inspirei o ar com todas as minhas forças. A mágica aconteceu como eu previ. Eu me tornei meu reflexo, agora eternamente com meus olhos marejados e meu estômago apertado. Eu estava no espelho.
Suspirei, abrindo em seguida um sorriso quando o ar de meu hálito se condensou contra o espelho e o embaçou levemente. Eu não estava tão morto afinal.

Mas ele estava, bastante.

Caído ao chão, mergulhado em uma piscina de vermelho vivo. Sangue. Meu sangue. Não me surpreendi... Só dei as costas para meu antigo eu, comtemplando agora o infinito. Comecei a dar alguns passos, sentindo-me renovado. Eu não estava surpreso.

Nem todos aguentariam o peso de ser eu.

1 comentário:

  1. Very Good, brother! Autosuicídio, sem derramamento de sangue inocente, é uma terapia que nem os psicanalistas explicam! Sou seu fã, menos pai.

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