sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Eco de dentro.

Escrevo e apago, escrevo e apago.
Talvez eu não tenha realmente nada a dizer. Mas talvez eu precise, mostrar a mim mesmo, que eu não preciso mais. Que você não é mais nada pra mim. Eu não quero que isso seja mais um texto sobre eu e você. Eu quero que esse seja o nosso, último texto.
Porque, sempre, apesar de tudo o que você me fez, eu sempre estive lá. Esperando você pedir perdão e pronto pra abrir os braços e te abraçar, com força, pra que você sentisse todo o amor que eu também sentia quando você estava perto de mim.
Eu devia simplesmente ter chorado, ido pra casa e me trancado no quarto, naquela vez em que você debochou de mim, deu de ombros e me deixou falando sozinho, enquanto todas as minhas esperanças despencavam pelo ralo. Mas não. Eu tinha que vestir aquela roupa boba e ir atrás de você, na chuva, até que um carro esbarrasse no meu braço com o retrovisor e me jogasse no chão, me enchendo de lama e me forçando a voltar pra casa.
Eu desisti? Não. Eu passei meses e mais meses, eu te puxei pra mim e te beijei esperando que você finalmente acordasse e soubesse que eu era o único que aguentaria todos teus caprichos, satisfaria todos os teus desejos e te amaria como nenhum cara conseguiria fazer.
Mas aí você continuou a virar as costas pra mim. E eu continuei a me trancar mais ainda, me esconder de mim mesmo, sentar em cantos de praças que eu nunca imaginei que se tornariam quase um segundo lar pra mim, e chorar. Chorar, até não ter mais água alguma no corpo. Até sentir todo o sentimento que eu sentia por você se transformar em uma fúria homicida. Eu finalmente sentia vontade de matar. Matar, todo esse amor desesperado que você fez nascer em mim.
Então, eu engavetei todas tuas cartas, vesti aquela sua blusa larga e velha que você esqueceu no meu quarto e me encolhi. Eu sabia que estava sarado, para sempre, e nunca, nunca mais eu iria te querer como antes. Eu pretendia te deixar em paz. Ficar longe de você.

Até você voltar sorrindo e pedindo desculpas, como sempre, e eu descobrir que te odeio.
Do fundo do meu coração.

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