segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Latidos.


Era tarde. Me espreguicei dentro do maldito móvel apertado. E dai que eu só tinha 8 anos? Minha mãe disse, não éramos mais homens, mulheres, crianças ou adultos: Éramos seres humanos. Venceríamos os aliens desgraçados que invadiram nosso planeta, reflorestaríamos tudo e teríamos felicidade. Ri baixo, ainda tentando me arrumar no espaço apertado. Parecia uma puta brincadeira sem graça. Ri novamente, surpreso por pensar em tantos palavrões, agora que os tinha descoberto. Barulhos lá fora chamaram minha atenção para longe da playboy nos meus dedos doentes.
Eu pûs os olhos na fresta pequena.. E depois, não lembro. Agora, me balanço pra frente e pra trás, me abraçando pra espantar o frio. Tentei abrir os lábios algumas vezes antes de me lembrar que minha língua fora arrancada pelo ex da minha... mãe. Deprimente. Fico pensando, como se estivesse contando a história de merda que eu tive nesse pouco tempo de vida. Capturado, aberração. E agora todos os outros estavam mortos, e apenas a aberração era quem estava viva. Parecia humor negro. Os et's vieram e levaram todo o plutônio, com uma máquina enorme sugaram todo o petróleo que nem havia ainda sido descoberto. Mataram todos os seres humanos comuns e caçaram as aberrações, nos chamaram de irmãos. Minha mãe fugiu comigo, minha linda mãe com seus cabelos loiros cacheados, deitada. O que era aquilo revirando seus restos? Um tipo de tigre preto.
Olhei pra cima, bufando. A poeira do armário apertado caía sobre meus olhos, os deixando mais abertos. Concentrei toda minha energia, no meu poder. Expandi minha mente, caçando tons. Procurei resquícios de vida e as cores familiares das mentes. Achei poucos pontos azuis na cidade, poucos animais. Não havia pontos vermelhos, eu não os enxergava. Os humanos dali afinal não haviam sobrevivido. Uma aberração, e uma pantera. Talvez. O mundo parecia ter um ótimo futuro.

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