sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Nem pra você.

E eu sei bem da dor da distância. Está se tornando cansativo, mas aqui é onde irei descarregar isso. Quem não quiser ler, tape os ouvidos.

Me encolhia no chão do quarto e chorava um choro anormal. Soluços altos, dor de cabeça. Febre. Pegava meu travesseiro e o abraçava, sentia o perfume que talvez algum dia nunca estaria ali. Eu sei bem da dor da distância.

Me culpava por ser incapaz de ir até onde você estava. Eu colocaria a mochila nas minhas costas, cheia de bolachas de leite e cuecas desenhadas, seguiria pela estrada, diminuindo gradativamente as feridas em todo corpo, sarando a cada metro mais perto. Eu iria sim.


Me colocava em meio a um campo de batalha, a vontade e as barreiras. Elas não eram tão grandes, mas pareciam espinhosas, traiçoeiras. Como se quando eu tentasse pular, elas aumentassem e me agarrassem no ar. Perdia minha voz enquanto não ria, enquanto não sentia o físico.


E mesmo quando eu não podia mais sonhar, o amor ainda existia. Ainda existe. Mesmo quando eu te esperava, sentando no banco da rodoviária com meu mp3 tocando nossa música, meu coração no ritmo do seu. O amor ainda existia, enquanto isso você ria.



E mesmo quando o amor ainda existia, não deu. As feridas cresceram, se tornaram ardentes, quentes, insuportáveis. De repente a respiração falhava entre os soluços, e eu me percebia mais e mais preso a ti, meu oxigênio querendo ser dividido contigo. Não deu.


Sim, talvez eu seja covarde. Talvez eu tenha desistido fácil. Ou simplesmente eu não tinha mais carne a doar, mais ar. Eu simplesmente não tinha forças pra te manter aqui, manter a ilusão do seu abraço, a secura dos teus lábios. 


Não, meu amor não era menor. Você jamais me amou da forma desesperada que te amo... amei. Talvez por isso, eu tenha desistido disso primeiro. Por amar mais, me doar mais, eu fui o mais rápido a ser consumido pelos kilômetros entre eu e você. 

Eu tive que dizer adeus. Eu não podia mais.

1 comentário:

  1. Lírico, amoroso, denso, leve, suave - prosa espontânea...Cuidado para não ficar "repetitivo" em demasia.

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