quarta-feira, 26 de agosto de 2009

E os frutos?


Segurar meus sonhos. Segurar e prendê-los, apertar o máximo que conseguir, tanto, que chegarão a secar. Apertar os olhos, deixar que a rotina me prenda, me leve.. Segurar minhas lágrimas. Antes que magoe, antes que machuque e cutuque todas as feridas. Segurar as pernas, o peito. Me manter em pé, respirando. Segurar os dedos, sustentar a dor na palma das mãos. Sustentar a dor do corpo, de cada uma das células, de cada abalo da consciência. Segurar meus passos. Sair por algumas noites do foco, escapar da luz, trilhar a escuridão. Esconder de meu reflexo, a pessoa ruim que insiste em me olhar de volta no espelho. Apertar meus dedos, e segurá-los fixos à palma da mão. Asfixiando as marcas do tempo, as marcas que parecem e perecem junto com a leitura do meu destino. Tentar, mostrar a mim mesmo que seguir sozinho nao é uma opção, é uma luta. Procurar meus sonhos que sequer nem conheço, exaltá-los, e fazer com que me ceguem, me deixem tonto. Segurar esses sonhos. Segurar essas lágrimas. Segurar minhas pernas. Segurar meus passos. Segurar minhas mãos. Atar todo meu ser, rancar pela raiz todas as árvores, todos os sentimentos. Ou ao menos tentar. Talvez se ao menos tentando, o solo molhado absorva a culpa. E leve outras coisas junto. Assim talvez, nunca mais se ouvirá alguém comparar uma árvore à florestas inteiras.

1 comentário:

  1. Denso, misterioso, enigmático, sofrido... Você é, meu filho, uma bênção! Persista, insista, não desista dos sonhos-revelações! Papai.

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